Torcida única nos estádios não resolve a violência Entenda quais são os métodos que de fato podem resolver o problema da insanidade agressiva no futebol brasileiro gplus
   

Torcida única nos estádios não resolve a violência

Entenda quais são os métodos que de fato podem resolver o problema da insanidade agressiva no futebol brasileiro

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Mais um capítulo lamentável da história do futebol brasileiro foi escrito no último domingo, quando antes do clássico entre Palmeiras x Corinthians, as torcidas das equipes se confrontaram em diversos locais da cidade, destruindo bens públicos, como metrô e trens, e tiraram a vida de um inocente que não participava da briga e foi alvejado por um disparo de arma de fogo.
Prontamente, o Governo do Estado de São Paulo determinou uma reunião e declarou que até o final do ano, todos os clássicos no estado de São Paulo acontecerão com torcida única

A ideia que já foi cogitada no estado no ano passado, já é comum na Argentina e em Minas Gerais e em um primeiro momento essa parece ser uma ideia interessante, obviamente, se tem duas pessoas que não se dão e você convida apenas uma para uma festa, a chance dessa causar problema é zero, concorda? 

Na prática não é bem assim, basta olharmos para o próprio clássico entre Palmeiras e Corinthians disputado na Allianz Arena em 2015, os torcedores alviverdes travaram um lamentável duelo com a Polícia Militar na tradicional Rua Turiaçu, enquanto os torcedores organizados corinthianos saíram no soco entre eles mesmos por conta de espaço para colocar faixas na arquibancada.

Isso mostra que não é o fato de ter torcida única nos estádios que vai garantir a segurança ou resolver de vez a violência, é sim mais uma atitude que empurra com a barriga e tenta varrer pra debaixo do tapete o problema, tirando a graça do esporte e pior, admitindo mais uma vez que não somos capazes de evoluir e resolver concretamente este abacaxi. É como se um jogador tivesse uma grave lesão na perna e o médico ao invés de tratá-la resolvesse amputá-la para resolver a situação da maneira mais fácil.

Para começarmos de vez a dar um basta na violência nos estádios não é impossível, basta organização e que tanto os poderes públicos quanto os mandatários do nosso futebol e dos clubes tenham vontade e queiram de fato criar leis e ter ideias concretas que substituam a impunidade e as penas brandas que hoje são aplicadas aos vândalos.  

Abaixo cito alguns exemplos de mudanças que podem ser realizadas:

- Modernização dos sistemas de segurança dos estádios: Câmeras e sistema de inteligência para monitorar e identificar torcedores na entrada, durante e na saída do jogo. Pelo simples fato de saberem que realmente estão sendo observados, muitos se inibiriam em agir indevidamente.

- Punição exemplar aos envolvidos: o torcedor que for pego brigando ou incitando a violência deve ser preso e processado tomando um gancho e sendo afastado dos estádios por um longo período, tendo que se apresentar a uma delegacia especifica para o futebol no dia dos jogos de seu clube. 

- Punição direta aos clubes:  Equipes que não se adaptarem as novas regras e que tiverem torcidas que  tenham atitudes inapropriadas no estádio ou nos arredores serão punidas com perda de pontos, rebaixamento e até exclusão de campeonatos.  É evidente que os torcedores não ligam mais que seu clube perca um mando de jogo ou jogue com os portões fechados, mas o dia em que seu time do coração cair para segunda divisão ou for excluído de uma competição por conta do comportamento de seus torcedores, pode ter certeza que eles pensarão duas vezes antes de tomar alguma atitude irresponsável. 

Você pode estar até pensando que eu sou louco ou que isso é utópico. mas pode acreditar, essas ideias não saíram da minha cabeça, elas simplesmente foram aplicadas na Inglaterra a partir de 1990 e conseguiram não só enquadrar os temidos Hooligans, mas também transformar a liga inglesa no mais importante campeonato do mundo. Em seguida o futebol alemão e o espanhol aplicaram a mesma fórmula e tiveram o mesmo sucesso. Portanto, se queremos mesmo ter paz no futebol e voltar a ter um campeonato de qualidade não adianta apenas estádios nível Copa do Mundo, mas também ter coragem de enfrentar os problemas de frente e parar de uma vez de tapar o sol com uma peneira.


Juliano Buzato