O que o ato de cozinhar pode te ensinar sobre a vida? Lugar muito amado pelos comilões, a cozinha pode trazer mais reflexões do que as pessoas imaginam gplus
   

O que o ato de cozinhar pode te ensinar sobre a vida?

Lugar muito amado pelos comilões, a cozinha pode trazer mais reflexões do que as pessoas imaginam

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O fato de que todo mundo gosta de degustar uma boa comida nunca foi novidade para ninguém. O que vem crescendo nos últimos tempos é a presença das pessoas em um dos cômodos mais queridos da casa, a cozinha. 

É difícil achar uma razão específica para tal "fenômeno", já que os fatores podem ser os mais diversos; desde a influência dos famosos programas gastronômicos da televisão e da internet, até a correria do dia a dia que faz o brasileiro pular cada vez mais até a cozinha e preparar sua própria comida. 

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Porém, mesmo que a relação com o fogão tenha aumentado, deixamos de perceber algumas lições que o simples ato de cozinhar nos ensina. E essas lições vão muito além do que aprendermos a ter mais paciência e não comer o bolo logo que ele sai do forno.


| CADA COISA NO SEU TEMPO 
Em uma rotina muitas vezes caótica que levamos, com um fluxo gigante de informações e responsabilidades, é difícil lidar com a sensação de que não podemos ter controle sobre todas coisas; na maioria das vezes, esse sentimento é angustiante. 

Na cozinha, o arroz branco demora alguns poucos minutos para cozinhar, mas o integral já não é tão rápido assim para ficar pronto. Há também o molho que insiste em ser mexido a todo momento, aquela carne um pouco mais dura que exige um tempo maior de cocção... enquanto isso, salivando, está o cozinheiro morrendo de fome. 

Os ingredientes, no entanto, estão apenas fazendo parte de um processo, que demanda um tempo determinado para ser finalizado. E às vezes, tentar acelerar esse processo pode fazer tudo dar errado. Quem nunca pulou etapas na vida e se deu mal, não é mesmo? 

| TRABALHO EM EQUIPE 
Não é todo mundo que tem facilidade para trabalhar em grupo; o que serviria pra ajudar nas tarefas, para muitos, se torna um martírio. Porém, nas empresas, é cada vez mais comum a integração entre setores e profissionais na busca da realização de certas atividades. 

Para quem não é muito gregário, lidar com pitacos dos outros a todo momento pode ser um processo penoso, mas que pode ser facilitado com a partilha das tarefas na cozinha. Caso cozinhar seja um hobby, dividir esse momento de paz com alguém que queira participar da tarefa pode ser extremamente vantajoso. 

Além de estimular o senso coletivo, cozinhar junto a uma pessoa querida estreita relações e aumenta o desfrute de um momento com uma pressão bem menor do que há no ambiente profissional. Depois que os pães feitos em dupla estiverem prontos, a melhor coisa a se fazer é servir um café e aproveitar o sabor do trabalho em equipe, dessa vez materializado em uma massa quentinha.

| APRENDIZADO COM OS ERROS 
É muito difícil dizer "eu errei", ainda mais quando isso é enxergado por muitas pessoas como um sinal de fraqueza. A frustração também vem quando se percebe que foi colocado sal demais no feijão, ou então a cobertura do bolo ficou muito doce. O que fazer? Primeiro, se for possível, é necessário consertar as besteiras. 

No caso do feijão, talvez colocar mais água e deixar o caldo mais fino. Com o bolo, talvez a solução seja mais difícil de ser encontrada. O aprendizado da situação é o que fica valendo; da próxima vez haverá uma atenção maior com as quantidades dos ingredientes, um cuidado maior na hora de ir provando o sabor da mistura dos componentes do bolo...  

Na próxima tentativa, provavelmente, até o medidor de quantidades será considerado, ou quem sabe até o livro de receitas seja seguido fielmente? Ele terá algo a ensinar, não tenha dúvida.  

| A BELEZA DA DEMOCRACIA 
Poucas coisas são tão belas como o direito de todo mundo dizer o que pensa. Tudo bem que, na beira do fogão, com diversas panelas para dar conta e o ardor da cebola fervilhando nos olhos, ouvir algumas sugestões de outras pessoas pode soar como desafio ou até mesmo ordenação. 

Porém, na maioria dos casos, o exigente "sommelier de comida amadora" só quer ajudar. Sem perceber, o cozinheiro pode acabar dando uma resposta atravessada a quem do canto reclama da quantidade de coentro colocada na comida. 

Na vida fora da cozinha as coisas também não são muito diferentes. Sempre haverá os críticos ferrenhos, os pontos de vista muito diversos e aquela opinião de um terceiro que talvez fosse melhor ser guardada para si. O cerne de tudo é: como lidar, no meio da pressão, com os pitacos alheios e considerá-los de mente aberta?

| ATENÇÃO AOS DETALHES 
"Faça o teu melhor, na condição que você tem, enquanto você não tem condições melhores para fazer melhor ainda." O filósofo Mario Sergio Cortella costuma dizer essa frase quando trata do assunto "mediocridade". De acordo com ele, sempre que chega na casa de sua mãe com fome, ela lhe prepara um tagliarini, e um detalhe chama atenção. Mesmo que o prato de massa fosse suficiente para saciar, a matriarca corta cuidadosamente um tomatezinho e coloca sobre o macarrão; sinônimo de capricho, de detalhe. 

No trabalho, nas atividades da faculdade, na relação amorosa, é preciso não ficar na mediocridade, é importante ir além, prestar atenção aos detalhes que nos cercam. E acredite, cortar um tomate com cuidado e pôr em cima de um prato que, por si só já bastaria, é um capricho de poucos. 

| VALORIZAR ESFORÇOS 
Não é incomum que volta e meia desejemos a dedicação dos outros quando nem nós mesmos valorizamos como deveríamos tal esforço. Uma pessoa, mesmo na correria, foi além do básico e fez uma sobremesa para o jantar? Reconhecer a dedicação e agradecer pelo feito é a melhor coisa a se fazer. 

Na próxima vez que for cozinhar, que tal surpreender e fazer a comida favorita da pessoa que espera pelo seu rango? Valorizar os esforços alheios é reconhecer e reverenciar a importância que o outro te dá, mesmo que seja ao montar uma simples musse.

 


Rudiney Freitas