Compro carro zero km ou um seminovo? Especialista explica qual a melhor opção para adquirir um veículo gplus
   

Compro carro zero km ou um seminovo?

Especialista explica qual a melhor opção para adquirir um veículo

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Comprar um carro é o sonho de consumo da maioria dos brasileiros. De acordo com uma pesquisa realizada pela Boa Vista Serviços, a maior administradora do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) no país, em 2014, dentre todos os bens duráveis, os carros assumem a liderança, conquistando a preferência de 41% da população. Eles superam, inclusive, a aquisição da casa própria, que ficou com 39% da preferência dos brasileiros. Apesar desses dados, as vendas da indústria automobilística enfrentaram uma queda de 3,2% em abril, de acordo com Federação Nacional de Veículos Automotores (Fenabrave). As dificuldades para conseguir acesso ao crédito de financiamento de veículos, além da crescente inflação, têm feito com que muitos brasileiros busquem outras alternativas para conseguir o tão sonhado carro. A principal delas tem sido a compra dos seminovos.

Preços mais em conta, boa qualidade, equipamentos mais completos e garantias preservadas. Parece tentador, certo? Mas será mesmo que essa opção é a mais recomendada para quem busca ter o próprio veículo? “Financeiramente, carros seminovos são mais interessantes sim, mas é importante conhecer bem a sua utilização anterior, como na quantidade de quilômetros rodados, se já passou por leilão e etc”, diz o educador financeiro da DSOP, Bruno Chacon.

Na hora de comprar um carro, os seminovos apresentam preços muito mais em conta. Eles serão, inclusive, mais potentes, sofisticados e equipados que os carros novos que estejam com preços equivalentes no mercado. Isso acontece porque, logo após sair da concessionária, os veículos começam a sofrer uma perda muito significativa no seu valor.

Segundo a Agência Autoinforme, que avaliou cerca de 800 carros de diferentes fabricantes, a depreciação após o primeiro ano de uso pode variar entre 10,8% (depreciação do Celta) até 25,6% (Jeep Cherokee). E quanto mais rodado for o carro, maiores serão esses descontos. Desta forma, parece claro que o melhor custo benefício são os carros seminovos. Mas não é somente isso que irá influenciar.

Antes de fazer a sua escolha, você deve levar em consideração qual é o seu perfil e como será feita a utilização desse veículo. Para a maioria das pessoas, o que torna viável a compra de um veículo são os descontos obtidos nos seminovos. Em muitos dos casos, inclusive, é possível economizar no combustível adquirindo veículos usados movidos a diesel e gás, modelos que costumam sair mais caros se forem novos. No entanto, se você tem dinheiro em caixa e pretende manter o mesmo carro durante três anos ou mais, a melhor opção certamente será o zero quilômetro. Além dos gastos reduzidos com manutenção, que naturalmente são maiores em um seminovo, a garantia é estendida, o que dá ao dono maior tranquilidade e, inclusive, serve para negociar os valores do seguro. “Existem muitas variáveis que faça valer a pena ou não comprar um carro zero. Se pensar no imposto alto e depreciação do veículo assim que sai da loja, não compensa. Agora, se pensar em deixar de gastar com manutenção, como se gasta com um carro usado, pode valer a pena. É preciso considerar os desejos e prioridades de quem compra”, esclarece Chacon. 

DESVALORIZAÇÃO

É fato comprovado que o ano com maior desvalorização de um automóvel é o primeiro, que marca a diferença fundamental entre um zero-quilômetro e o seminovo. Quem compra um carro Onix, por exemplo, perderia R$ 12 mil no primeiro ano (é o que vale seu modelo 2016 em relação ao novo), ante apenas R$ 3 mil do que optasse pelo Civic usado (diferença de valor entre um 2015 e um 2016). Ao escolher o Corolla o interessado veria R$ 17 mil dissiparem-se em um ano (cotação do 2016, já da nova geração, ante o preço do zero), enquanto a compra do A4 representaria perda de R$ 7.400 no período (diferença do 2016 para o 2016). A fonte de todos os valores mencionados é o Datafolha.

Com isso, quem prefere o usado sai com uma boa vantagem financeira que pode ser empregada na manutenção. É certo que peças novas duram mais que usadas e, portanto, o carro zero-quilômetro tende a demorar mais para dar despesas com pneus, freios, amortecedores, a troca de fluido da transmissão automática que o modelo mais antigo. 

Em relação a outros custos, o quadro muda pouco. O IPVA, calculado sobre o valor venal do carro, será semelhante entre um novo e um usado que valham o mesmo. Já o custo de seguro tende a ser menor no carro mais novo: quem mantém um automóvel por anos percebe que essa despesa cai pouco a cada ano, mesmo com o acúmulo de bônus, pois parte dos riscos envolvidos na cobertura (reparo de acidentes, por exemplo) não fica mais barata enquanto o veículo envelhece.

A VISTA, FINANCIADO, CONSÓRCIO OU LEASING

“Muitos se limitam a comprar um carro a vista ou financiado, mas existem outras formas como leasing e consórcio, por exemplo. Se comparar apenas a compra a vista com financiamento, de longe a vista é melhor. Mas hoje, por conta dos juros alto, tanto para um devedor quanto para um investidor, um consórcio é uma ótima escolha até mesmo comparando a vista, pois você pode ofertar um lance com parte do seu recurso financeiro e deixar o restante investido, trazendo rendimentos”, indica Chacon.

O especialista ainda lembra que é importante ficar de olho nos financiamentos, modalidade mais utilizada hoje em dia na compra de carros. “Ao comprar um carro sem dar entrada, é preciso cuidado, pois pode acabar pagando o valor de dois carros, por conta dos juros. Se precisa do bem muito rapidamente, é importante fazer um diagnóstico financeiro analisando suas receitas e saídas, ver quanto pode pagar mensalmente e ai sim comprar o bem”, explica. 

No caso de pagamentos com uma quantia razoável de entrada, modalidade de pagamento bem rara, é importante saber que quanto maior a entrada, maior o desconto e menor a taxa de juros. Hoje em dia, são raras as montadoras que não oferecem nenhum tipo de desconto, por isso é importante negociar na hora da compra. A redução vai de 3% a 10% do valor total do carro. 

DESPESAS EXTRAS

Comprar um carro é fácil, mas mantê-lo é outra história. Os detalhes a serem analisados ao comprar um carro são os custos reais desse bem, que entrarão em suas despesas, como IPVA, seguro, média de consumo de combustível, manutenção e etc. É importante também considerar a aceitação de mercado e o índice de desvalorização, caso precise vender futuramente.

PONDERE INTERESSES E FAÇA A SUA ESCOLHA

Como qualquer outra aquisição material, é fundamental que você pondere interesses e verifique a opção mais compatível com o seu perfil. Faça a escolha da qual você não irá se arrepender. Não se esqueça que, independentemente pelo que optar, um carro representa custos mensais, em alguns casos até diários, que devem entrar nas suas planilhas de custos domésticos.

Está pronto para fazer a sua escolha? Conta aqui para a gente qual carro você compraria hoje: zero ou seminovo.


Nathalia Marques