O legado da loira Exposição recupera memória sobre a vida de Marilyn Monroe e apresenta obras raras inspiradas na musa 50 anos depois de sua morte gplus
   

O legado da loira

Exposição recupera memória sobre a vida de Marilyn Monroe e apresenta obras raras inspiradas na musa 50 anos depois de sua morte

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Quem nunca ouviu falar de Marilyn Monroe? Mesmo depois de sua morte em 1962, a história da atriz norte-americana continua inspirando as mulheres e mexendo com o imaginário dos homens. 

Norma Jeane Mortensen, nome verdadeiro de Monroe, nasceu em Los Angeles no dia 1º de junho de 1926, não conheceu seu pai biológico e circulou por vários orfanatos. Trabalhou para a  Radio Plane Munition, onde foi descoberta pelo fotógrafo Davis Conover, que publicou a primeira foto da jovem Monroe na revista Yank. Depois de ter trabalhado como modelo, Mortensen, adotou o sobrenome da avó e se inspirou nas atrizes Jean Harlow e Lana Turner. 

"Monroe viveu num momento da história em que a sociedade era extremamente conservadora, principalmente nos EUA, durante os anos 50. Diante disso, ela quebrou muitas barreiras como ícone pop, por usar sua enorme sensualidade e beleza", comenta Mario José da Silva, um dos organizadores da exposição Quero Ser Marilyn Monroe. 

A exposição, que rola até o dia 1º de abril na Cinemateca Brasileira, é gratuita e reune 125 obras que retratam a modelo e cantora em situações curiosas de sua carreira – depois de girarem o mundo finalmente as peças chegaram ao Brasil. 

Algumas imagens mostram momentos de descontração durante o ensaio fotográfico de Monroe produzido por Douglas Kirkland para a revista LOOK, um ano antes de sua morte. Com apenas 24 anos, o fotógrafo usou somente luz e uma cama com lençóis de cetim – solicitados pela própria atriz –  para capturar um dos momentos profissionais mais íntimos e espontâneos da beldade. Marilyn Monroe riu, brincou, desviou o olhar e encarou a câmera algumas vezes, deixando o jovem fotógrafo confuso e maravilhado. "Ela estava seduzindo a mim, a lente da câmera ou os dois", pensou Kirland na época.

Em 2004, a diva também inspirou um artista brasileiro. Vik Muniz, conhecido por utilizar materiais pouco comuns em suas obras, retratou Marilyn Monroe no melhor estilo: em pedras de diamantes. Juntando diversos pedaços da jóia, Muniz fez aparecer o semblante de Monroe no auge de sua carreira, com seu olhar inocente e seus lábios carnudos.

Mesmo a famosa obra pop art de Andy Warhol, que lançou Monroe como um ícone da cultura pop, está presente no evento, sem falar no nú da atriz em lençóis vermelhos fotografado por Tom Kelley para a Playboy.

"As mulheres se espelhavam em Monroe porque ela passava a impressão de que podia fazer qualquer coisa. A fantasia feminina de ter autonomia, de ser mais importante que os homens foi incorporada por ela e transmitida para a sociedade", explica Silva. 

Segundo ele, ao mesmo tempo, há uma contradição. "A história indica que ela era uma mulher que sofria por um coração vazio, pois não conseguia encontrar um homem que a amasse pela mulher que era, e não apenas como estrela", sugere o organizador. 

Na mostra dedicada à atriz norte-americana, é possível notar que as mulheres olham Marilyn como um modelo. O curioso é que a atriz quebra o padrão de beleza que a sociedade tenta impor atualmente, o da mulher-cabide: sem curvas, servindo apenas para carregar uma roupa. "Monroe era o oposto: voluptuosa e com curvas. Com ela, as mulheres descobriram que não precisa ter o corpo de modelo de passarela para ser bonita e atraente", defente Santos.

Talvez o maior símbolo sexual na mente dos homens, a personalidade carismática e provocante da atriz ainda sobrevive. Vendida pela mídia como uma mulher superficial, os cabelos loiros e o batom vermelho adotados por Monroe contribuíram imensuravelmente para o estereótipo de sensualidade que reina até hoje na cultura popular – a amada e odiada "loira burra".  Mas a loiraça não baixou o topete, e chegou a declarar publicamente que era "um produto artificial".

Ao mesmo tempo que a atriz reacendia a discussão sobre a liberdade das mulheres com sua atitude, sua inocência muitas vezes foi retratada como ignorância. No entanto, as belas formas aliadas a uma espontaneidade contagiante fizeram da jovem Mortensen uma mulher irresistível.

Ao caminhar pelos corredores da exposição que recebeu 2 mil pessoas em seu primeiro dia, conhecemos um outro lado de Marilyn Monroe – os bastidores. Por ter sido abandonada diversas vezes, a atriz dizia que "uma garota sábia beija, se apaixona, mas vai embora antes de ser deixada". Mesmo com sua pouca idade, Monroe assumia muito bem sua representatividade e,  como a atriz dizia, "se é para ter duas caras, que ao menos uma seja bela". 

"A cultura pop colocou a Marilyn Monroe numa posição superficial somente como símbolo de beleza, embora seus filmes mostram claramente seu talento como atriz", conclui Silva.

Quero Ser Marilyn Monroe!
De 4 de março a 1º de abril
Cinemateca Brasileira (Largo Senador Raul Cardoso, 207 - São Paulo)
Entrada gratuita
Informações: marilynmonroe.com.br