Homens também fingem orgasmo Conheça os motivos por trás da interpretação na cama e como as mulheres encaram e podem detectar o falso clímax masculino gplus
   

Homens também fingem orgasmo

Conheça os motivos por trás da interpretação na cama e como as mulheres encaram e podem detectar o falso clímax masculino

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Por essa as mulheres não esperavam, afinal, como um homem pode fingir o orgasmo se sua excitação é antropologicamente óbvia, tanto do ponto de vista fisiológico quanto comportamental? Pois muitos homens também se espantam com a ideia, embora alguns tenham passado a experiência na pele.

"Depois de um ano e meio de namoro comecei a perceber certa resistência em transar por parte dela. Como ela estava sempre correndo por conta de uma pós, recuei e passei a me masturbar quando ela não queria ir para a cama. Nunca pensei que seria capaz de fingir um orgasmo, mas a verdade é que de repente eu estava lá me empenhando, e mesmo assim não conseguia gozar", desabafa Aroldo Sommerfeld, 24, estudante de Biologia da PUC. 

Ele ainda tem dúvidas se a parceira percebeu, pois ele ficou tenso por demorar ao atingir o clímax e acabou disfarçando a situação como se tivesse realmente aproveitado a transa. "Ocorreu mais dois episódios desses em menos de três meses, e antes de completar dois anos decidimos terminar", acrescenta o Sommerfeld.

Da repressão imposta durante séculos sobre as mulheres restou sem dúvidas o fingimento do orgasmo feminino. Ainda que tácita, este comportamento amplamente atribuído às mulheres foi e permanece uma demanda masculina. Afinal, que macho não gosta de ouvir sua gatinha miar? Mas por que diabos um varão genuíno teria que fingir o que ele mais gosta de fazer?

Segundo Mariah Bressani, Psicóloga e Psicoterapeuta Master Coaching, estudos recentes confirmam que há cada vez mais homens atuando na cama. "Ao que parece, cada vez mais as relações estão se tornando superficiais, permitindo que tanto mulheres quanto homens finjam durante o ato sexual. O homem precisa ter uma certa experiência nesta área para poder controlar sua sensibilidade e simular o orgasmo", explica a profissional.

Já Orlando, 36, empresário, preferiu omitir seu nome verdadeiro para não prejudicar seu relacionamento, já que ele confessa ter atuado na cama por diversas vezes e sabe muito bem o motivo. "Planejei abrir um negócio assim que terminasse a faculdade, pois minha família sempre foi empreendedora. Me formei namorando e três anos depois eu estava casado e profundamente mergulhado no trabalho, pois tinha medo de perder oportunidades e falir. Um homem de negócios às vezes tem que abrir mão de certos prazeres, porém se há um jeito de não magoar quem você ama, por que não tentar?", questiona o empresário.

"A satisfação do outro é essencial para se alcançar o orgasmo, por isso tive que fingir algumas vezes quando não estava muito afim", comenta Orlando. "Se a encenação for boa, a mulher não vai ficar conferindo sua cueca ou os lençóis pra saber se você gozou. Nem sempre que o 'negócio' levanta significa que ele vai até o fim", brinca ele.

Bressani sugere que hoje em dia as mulheres têm uma outra ditadura na cama: a obrigação de se ter orgasmo. "Elas não querem ser vistas como portadoras de um 'problema'. Já entre os homens, parece haver ainda a necessidade de demonstrar performance".

Quando há fingimento numa relação, simplesmente não há relação. Pode haver conveniência ou qualquer tipo de interesse, menos a disponibilidade de haver uma relação de verdade, segundo a psicóloga. "Se o envolvimento é estável, quando se descobre um fingimento ou uma mentira, parece que nada do que foi vivido foi verdadeiro. Isto afeta a autoestima e o autovalor", alerta Bressani.

DANDO BANDEIRA
O orgasmo é um prazer físico, emocional e psicológico que acontece a partir de uma descarga neurofisiológica que tanto a mulher quanto o homem não conseguem controlar. 

Os sintomas físicos mais comuns são:  pele rosada ou num tom diferente do seu normal, a respiração e as batidas cardíacas aceleram, há certa contração muscular e espasmos involuntários generalizados principalmente da região pélvica, e por fim a ejaculação. Se esses “sintomas” não aparecerem em conjunto – em maior ou menor grau – é bem provável que o homem esteja fingindo.

Porém, a psicoterapeuta dá uma dica valiosa pra você não dar bandeira. "A melhor maneira de perceber se o homem fingiu, será logo após o ato: se não houver o famoso 'período refratário', que é quando – em maior ou menor grau – ele 'não quer saber de nada', então, este pode ser o grande indicativo de que ele estava fingindo.

AUSÊNCIA DE ESPERMA
No geral, as mulheres tendem a resumir a constatação do orgasmo masculino pela evidência da ejaculação do esperma. Se a relação for sem preservativo, a probabilidade da parceira sentir liberação do líquido internamente é remota, segundo Bressani, porém não impossível: "O esperma sai com a temperatura do organismo, tornando muito difícil sua percepção sensorial. No entanto, o pênis também sofre espasmos durante a ejaculação, o que pode ser notado por quem tem uma sensibilidade apurada", esclarece ela.

A interpretação na cama ajuda a disfarçar a situação, ainda mais se o parceiro retirar o preservativo rapidamente ou desviar a atenção com um assunto delicado, por exemplo."Quando o homem usa camisinha fica ainda mais difícil constatar a ejaculação, seja sensorial ou visualmente", sugere a psicóloga. 

COMO FINGIR
Antes de mais nada, é necessário ter uma certa "bagagem" em relacionamentos para efetivamente manter o autocontrole e conseguir fingir o orgasmo. "Pensar nas contas, no trabalho, ou em algum problema específico gera ansiedade, o que interrompe o clímax", explica a psicoterapeuta.

Este recurso é muito utilizado naquelas situações em que o homem tem que "esperar" ela gozar, porém pouco se comenta em usá-lo para interromper completamente o orgasmo. "Mesmo se ela notar que não há sêmen no preservativo, ainda dá para dizer que você se masturbou algumas horas antes da relação como justificativa", observa Sommerfeld.

Parece que o que fomenta este tipo de comportamento são os equívocos criados pela educação e os valores que a sociedade atualmente promove. "Assim, o equivoco é: não se deve mostrar um orgasmo, mas usufruir dele", recomenda Bressani.