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Testemunhas de Dilma depõem a Senado vazio

26/08/2016 00:00

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Em um plenário do Senado esvaziado, foram concluídos na noite desta sexta-feira os questionamentos aos dois primeiros depoentes da defesa da presidente afastada Dilma Rousseff no julgamento do impeachment, com a maior parte das perguntas sendo feitas por defensores da petista e membros da base governista abrindo mão de fazer indagações para acelerar o processo.

Após um início tumultuado dos trabalhos nesta sexta, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, que preside o julgamento, passou a cortar a palavra dos senadores que se excediam e a limitar as chamadas questões de ordem a apenas normas processuais, como determina o regimento.

Com isso, depois do início acalorado marcado principalmente pelo intenso bate-boca envolvendo o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), o clima ficou morno ao longo do dia.

Primeiro depoente, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, que depôs como informante, e não como testemunha, afirmou que Dilma não cometeu um crime de responsabilidade, mas erros na política econômica.

"Considero que o afastamento da presidente pelos motivos alegados é um atentado à democracia", afirmou.

Segunda testemunha, o advogado Geraldo Prado afirmou que a sanção pelo impeachment é "desproporcional ao fato".

Clique aqui e veja a posição de cada senador sobre o impeachment

"Ninguém no lugar dela faria algo diferente. Não havia um fiapo para se desconfiar que algo ali estava fora do lugar", afirmou, referindo-se às operações de crédito com bancos públicos, as pedaladas fiscais.

Já à noite, ao término do depoimento de Prado, restavam em plenário menos de um terço dos senadores. Lindbergh Farias (PT-RJ) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) chegaram a pedir a Lewandowski a suspensão da sessão, alegando que os "juízes" - os senadores que julgarão Dilma - não podiam deixar o plenário quando testemunhas estivessem depondo, mas o presidente do STF negou o pedido.

Concluído o depoimento de Prado, os senadores iniciaram a inquirição do ex-secretário executivo do Ministério da Educação, Luiz Cláudio Costa. Os trabalhos  de hoje foram suspensos por volta das 23h20 serão e retomados neste sábado (27), a partir das 9h.

Renan: "Burrice infinita"

O momento mais tenso do segundo dia do julgamento de Dilma no Senado aconteceu quando Renan decidiu descer da mesa diretora para o plenário numa tentativa de fazer um apelo para que os ânimos se acalmassem. O efeito, no entanto, acabou sendo o oposto, quando ele se envolveu numa discussão com Gleisi, obrigando Lewandowski a suspender a sessão.

"Eu, senhor presidente, fico muito triste, porque esta sessão é, sobretudo, uma demonstração de que a burrice é infinita", disse Renan se dirigindo a Lewandowski.

O senador parecia ter encerrado sua fala quando voltou ao microfone para criticar comentário de Gleisi na véspera, quando a parlamentar disse que o Senado não tinha moral para julgar Dilma.

"Como uma senadora... pode fazer uma declaração dessa? Exatamente, senhor presidente, uma senadora que há 30 dias, o presidente do Senado Federal conseguiu, no Supremo Tribunal Federal, desfazer o seu indiciamento e do seu esposo?”, ata