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Advogada da Lava Jato encerra carreira após receber ameaças

30/07/2015 00:00

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A advogada Beatriz Catta Preta, que representa nove dos delatores da Operação Lava Jato, anunciou em entrevista ao Jornal Nacional desta quinta-feira (30) que encerrou a carreira e fechou seu escritório após receber ameaças . 

“Não recebi ameaças diretas de morte, mas elas vieram de forma velada, cifrada”, declarou. 

Catta Preta disse que começou a se preocupar com sua segurança depois que o nome do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi citado por um de seus clientes, o empresário da Toyo Setal, Júlio Camargo, que revelou que o parlamentar pediu US$ 5 milhões de propina em contratos da Petrobras. 

"Vamos dizer que [depois disso] aumentou essa pressão, essa tentativa de intimidação a mim e à minha família por parte dos integrantes da CPI que votaram a favor da minha convocação", acrescentou, sem revelar nomes e sem poder afirmar que Cunha está diretamente envolvido nessas ameaças. 

Júlio Camargo temeu citar Cunha em delação 

Beatriz também explicou porque seu cliente mudou a versão de sua delação e, só depois, citou o nome de Eduardo Cunha em novo depoimento à PF. “Receio”, contou. “Ele tinha medo de chegar ao presidente da Câmara”. 

Questionada sobre a razão de Júlio Camargo ter mudado de ideia, ela afirmou: “Mudou de ideia por conta da fidelidade à colaboração [para a investigação]. Ele decidiu assumir o risco de levar os fatos à Procuradoria.” 

Catta Preta ainda falou sobre a sua convocação à CPI da Petrobras. O motivo seria o dinheiro que ela recebeu para representar os delatores da Lava Jato: R$ 20 milhões, segundo os boatos. “É um número absurdo, não chega perto disso. O dinheiro veio via transferência bancária no Brasil, mediante nota fiscal e impostos recolhidos. Nunca recebi um centavo fora do país", garantiu. 

Sumiço 


No meio desse impasse, a advogada viajou para Miami, nos Estados Unidos, o que levantou um rumor de que ela teria fugido do Brasil e passado a morar no país. Na entrevista, ela nega essa informação. 

“Não estou morando em Miami, saí de férias. Viajo para lá sempre que meus filhos saem de férias", disse Beatriz, que já está de volta a São Paulo. 

A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, orientaram Catta Preta a não falar sobre questões de envolvem sigilo profissional quando vier a depor à CPI da Petrobras. 

Além de Júlio Camargo, Beatriz Catta Preta também representou o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e cinco de seus familiares, o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco e o executivo da empreiteira Toyo Setal Augusto Mendonça Neto.

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