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Falta de moedas prejudica liquidez no mercado, diz economista

29/03/2015 00:00

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A dificuldade em receber o troco na padaria, na banca de jornal ou no supermercado não é um problema que afeta apenas a vida do consumidor. A prática de guardar moedas em um cofrinho reduz o número de moedas em circulação no Brasil, com isso, dificulta a liquidez no mercado, atrapalha a vida de comerciantes e da população e acaba gerando um impacto negativo na economia, segundo explica o economista da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (EAESP- FGV), Evaldo Alves. 

Por conta da excassez de moedas, muitos comerciantes - principalmente de estabelecimentos menores como mercados, bares, bancas e padarias - sofrem para pagar o troco a seus fregueses, o que, em alguns casos, faz até com que vendas deixem de ser realizadas.

Dono de uma banca de jornal em São Paulo, Rodolfo Guedes Oliveira afirma que a dificuldade o levou a tomar algumas medidas, como apelar para outros estabelecimentos, ou abrir mão de algumas vendas. “Se for um cliente conhecido, ele leva e paga depois. Senão, eu deixo de vender”, afirmou ao Jornal da Band

Segundo o economista, casos como o de Rodolfo, que perde vendas por causa da falta de moedas, acontecem em larga escala e, no somatório, causam impacto negativo na economia. 

“[Com a falta de moeda] Cria-se uma situação de contração no meio de pagamento, o que dificulta a liquidez no mercado, principalmente no de produtos de primeira necessidade. O vendedor não consegue dar troco, o cliente não consegue pagar... Isso acaba gerando perdas”, explica.

Ainda de acordo com o professor, apesar de as perdas serem de valores pequenos, no total o impacto à economia é grande. “Com uma economia já deslizando, não dá para brincar. Isso não poderia acontecer”, disse. “Em casos de inflação alta, a moeda perde seu valor e, por isso, deixa de ser tão utilizada. Esse, porém, não é o nosso caso. Não é culpa da economia; é gestão.”

O cofrinho não é o vilão

Para Alves, o sumiço das moedas em circulação se deve, principalmente, ao Banco Central. “A prática de juntar dinheiro em casa é insignificante”, afirmou o economista ao Portal da Band. Segundo ele, o BC deveria melhorar a gestão na distribuição de cédulas e moedas. 

“Nós não temos falta de dinheiro; não é esse o problema. O Banco Central não restringe os meios de pagamento, mas é notável a falta de moedas, o que atrapalha muito os pequenos comércios.”

Em 2014, o Banco Central colocou em circulação cerca de 1,4 bilhão de unidades de moedas. O valor é quase a metade do de 2013. Segundo a instituição, a diminuição ocorreu por conta de corte de gastos. “Cabe registrar que, embora a produção de numerário, desde 2014, tenha sido impactada por necessidade de redução da despesa pública no âmbito federal, o BCB tem administrado os estoques disponíveis com a finalidade de atender as demandas em âmbito nacional”, afirmou, em nota, o BC.