Troca-se confiança por sexo comprado Homens, propositalmente, cultivam no lado oportunista da mente que sair com uma garota de programa não significa infidelidade gplus
 
 
 

Troca-se confiança por sexo comprado

Homens, propositalmente, cultivam no lado oportunista da mente que sair com uma garota de programa não significa infidelidade

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Tem sempre alguém tentando te levar para o mau caminho. Porque não basta somente ir para o mau caminho - o mau caminho fica muito melhor, quando se tem companhia. Essa é a única explicação que encontro para os "bróders" que não se cansam jamais de convidar os amigos comprometidos para aquela passada esporádica no puteiro. Deve haver no fundo, um restinho de consciência, que diz que aquilo não é certo e que um cúmplice é necessário. Somente dividir a companhia não basta, é preciso dividir a culpa, sabe como é.

O curioso é que não vejo a atitude dos amigos diabinhos como algo pessoal. Acredito que eles não tenham nada especificamente contra mim e nem contra as namoradas em geral - poderia ser outra, qualquer outra. Nenhum relacionamento, por mais completo e feliz que seja, parece ser capaz de convencer os "bróders" que uma profissional do sexo não é necessária. Homens, propositalmente, cultivaram em seu lado oportunista da mente a ideia que sair com uma garota de programa não significa infidelidade. Racionalmente, está tudo errado nessa lógica, mas eles parecem não se importar muito. O lado confortável sempre vence.

Consigo entender as motivações de um solteiro que procura sexo pago - o argumento de que o processo envolvido na conquista de uma nova mulher até conseguir levá-la para cama é muito mais caro e desgastaste do que simplesmente comprar sexo, faz algum sentido. Digo, algum sentido, porque sentido total, não faz. Talvez a forma mais mecânica e prática com que os homens enxergam o sexo, permita que eles não se importem em, conscientemente, saber que a mulher que está ali gemendo ao seu lado, só o está fazendo pelo dinheiro. Se não fosse isso, ela estaria longe dali fazendo qualquer outra coisa mais interessante. Mas os homens parecem não se importar com esse fato, desde que consigam "dar uma" para descarregar a vontade acumulada. Para eles, é puro business.

O que realmente me intriga são os homens comprometidos, que sem um pingo de vergonha na cara afirmam que sexo com garota de programa não é infidelidade. Essa é uma mentira tão fajuta, quanto a do político ladrão que afirma, que nunca roubou dinheiro público. É o tipo de afirmação que não desce. Desculpe, meu amigo, mas não é só você que gosta de variedade sexual. Não é só você que gosta de provar uma fruta nova de vez em quando. As mulheres também gostam. Então não seria mais honesto propor uma variação em casal? Somente em uma sociedade hipócrita, as pessoas arregalam os olhos ao ouvir falar de ménage, mas se calam em conivência ao escutar casos de traição. Trair o outro, aquele que você escolheu dentre tantos para estabelecer uma parceria por livre e espontânea vontade, não tem problema. Agora, procurar alternativas em conjunto para melhorar o sexo para ambos, é falta de vergonha. Triste constatação!

Há também aqueles que afirmam que procuram o sexo pago porque querem ter o que não conseguem ter em casa. Curiosamente, pesquisas mostram que uma das queixas mais frequentes das mulheres é que gostariam de um sexo mais selvagem. Ou seja, há um problema aí, já que o sujeito não tem coragem de propor coisas novas no sexo e nem de dizer como quer transar, mas tem coragem de sobra para procurar uma prostituta e satisfazer suas vontades supostamente renegadas. Só pode ser atitude de homem frouxo.

A ordem das coisas anda cada dia mais errada. Respeito o trabalho das profissionais do sexo como qualquer outro. É uma escolha pessoal. Respeito também os solteiros que escolhem pagar pelo sexo. Mas os comprometidos que procuram esse serviço ficam entalados na minha garganta. E o pacto masculino que defende que não há nada de errado nem de desleal nisso, já que essa é uma necessidade dos machos, segue firme e forte, enquanto a sociedade disser que está tudo certo. E vamos seguir assim, presenciando relacionamentos nos quais não se pode confiar nem naquele com o qual dividimos a cama e a vida. Hipocritamente, damos uma das mãos, enquanto a outra apunhala pelas costas, em relacionamentos nos quais confiança é trocada por um simples prazer comprado.