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10 grandes mentiras contadas sobre o vinho

Mentirosas, algumas expressões são repetidas e ficam famosas; sommelier da Evino explica verdades e mentiras sobre o vinho

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"Assim como o vinho, fico melhor com o passar do tempo!". Quem nunca ouviu alguém dizer uma frase como essa de maneira orgulhosa? Claro que nem todo mundo é ou precisa ser um bom entendedor de vinhos, uma bebida de fácil acesso e ao mesmo tempo sofisticada. 

O problema mesmo acontece quando alguns mitos são passados adiante como se fossem verdades absolutas. Espessura da garrafa? Tipo de rolha? Geralmente detalhes como esses pouco (ou nada) interferem no sabor e na experiência de quem deseja apreciar um bom vinho. 

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Muitas pessoas, inclusive, deixam de consumir a bebida devido a uma série de lendas acerca do produto, já que acham as práticas para seu consumo complexas e têm medo de "passar vergonha" ao pedi-la em um restaurante, por exemplo. A especialista em vinhos da Evino, Natália Cacioli, desmistifica algumas afirmações que já são feitas há muito tempo e que, para muitos, já se tornou uma grande verdade. 

# MAIS VELHO, MELHOR 
Há quem ganhe dinheiro guardando vinhos que precisam de um longo tempo para alcançar seu ápice, já que com o passar do tempo eles se tornam mais caros. Mas se a preocupação é apenas beber e não investir, pode ser bobagem se preocupar com a idade do vinho, como afirma a especialista.

"A maior parte da produção de vinho é pensada para atender à demanda de consumo imediato. São vinhos de safras mais recentes (de até cinco anos), frutados, macios, fáceis de beber. Uma parcela bem pequena de vinhos é feita para envelhecer, como os famosos Barolo, Brunello de Montalcino ou um Pinot Noir." 

# GARRAFA PESADA, VINHO BOM
"Se a garrafa é pesada é porque o vidro é mais espesso. Foi gasto mais material e a garrafa é, consequentemente, mais cara. Vinhos de guarda usam garrafas espessas para reduzir a incidência de luz e para ter uma garrafa mais resistente, já que o vinho ficará guardado por muito tempo. Para vinhos de consumo imediato, a espessura da garrafa não faz diferença", diz Cacioli.

# VINHOS COM MAIS DE 13% DE ÁLCOOL SÃO SUPERIORES
Natália diz que a questão é relativa. "Tem muita gente que usa o teor alcoólico como indicativo de qualidade, mas sem entender de onde vem esse número. Regiões quentes produzem frutos com maior concentração de açúcar e, portanto, seus vinhos têm mais álcool.
 
Vinho tintos variam, normalmente, entre 12% e 15%, enquanto os brancos ficam, na maior parte dos casos, entre 10% e 13%. Mas o fato é que a percepção do álcool na boca depende de muitos outros fatores, que vão além do número estampado no rótulo."

# FUNDO CÔNCAVO DA GARRAFA INDICA QUALIDADE
Além do mito quanto a qualidade da bebida definida pelo fundo da garrafa, há ainda a ideia de que a concavidade serve para colocar o dedo na hora de servir o vinho, o que é desmentido pela especialista. "Não sei de onde saiu o mito do fundo côncavo.
 
É apenas uma característica da linha de produção, mas seguramente não é para colocar o dedo. Ao segurar a garrafa por ali, ela pode escapar da mão e fazer um estrago. Deve-se segurar com firmeza, pelo corpo da garrafa." 

# VINHO MEIO-SECO É DOCE E NÃO É BOM 
"Vinho meio-seco não é doce ou mais-ou-menos-doce. A nomenclatura não ajuda - mas a verdade é que os vinhos etiquetados como meio-seco têm, na maioria dos casos, a mesma percepção em boca de um vinho seco. Mas por que isso acontece? Por uma questão de legislação.
 
Quem define se o vinho será etiquetado como 'seco' ou 'meio-seco' no Brasil é o Ministério da Agricultura. A legislação leva em conta apenas a quantidade de açúcar residual, enquanto que, na Europa, é feita uma relação entre açúcar e acidez. Isso faz com que muitos vinhos considerados 'secos' na Europa sejam classificados como 'meio-secos' no Brasil", explica Natália. 

# VINHO TINTO É MAIS COMPLEXO DO QUE VINHO BRANCO
"São estilos diferentes, cada um com suas maravilhas e momentos. A principal diferença do vinho tinto para o vinho branco é que o primeiro tem propriedades que vêm da casca da uva: cor e tanino - aquela sensação de adstringência que "seca" a boca. Tanino é um conservante natural e, por isso, é um fator importante para a longevidade do vinho. Os brancos se destacam pela refrescância (tecnicamente chamada de acidez) e, apesar de serem vinhos majoritariamente feitos para consumo rápido, alguns têm grande potencial de guarda", afirma a especialista. 

# VINHO FECHADO COM ROSCA OU ROLHA SINTÉTICA NÃO PRESTA
De acordo com a sommelier, em alguns casos, não faz diferença alguma o tipo de vedação. "A cortiça é um tipo de material que permite uma pequena troca de oxigênio entre o líquido na garrafa e o ambiente externo, processo importante para vinhos de guarda. É retirado de uma árvore chamada Sobreiro e que precisa de 25 anos para estar pronta para a primeira extração. Ou seja, é um recurso caro e finito. Se você comprou o vinho e vai tomá-lo hoje ou semana que vem, a cortiça não faz diferença. Rolhas sintéticas e tampas de rosca são mais sustentáveis e baratas." 

# VINHO TINTO É COM CARNE VERMELHA E O BRANCO É COM PEIXE 
"Harmonização é muito pessoal. Existem orientações básicas, mas não regras. Vinhos tintos têm taninos (aquela sensação de adstringência) e a gordura ajuda a disfarçar essa sensação, daí a harmonização com carnes vermelhas. Já vinhos brancos e 'rosés' costumam ser mais leves, por isso normalmente são indicados para carnes brancas e outros pratos igualmente leves.
 
Agora imagine um frango à parmegiana: fritura, queijo, molho vermelho - um tinto vai cair muito bem. Resumindo: harmonização não é ciência exata e você pode comer/beber o que tiver vontade", lembra Cacioli. 

# O GARÇOM COLOCA UM POUCO DE VINHO NA TAÇA PARA VOCÊ ANALISÁ-LO 
Pelo que diz Natália, "a proposta desse ritual em restaurantes é verificar se o vinho tem algum defeito. A degustação é feita rapidamente e não há necessidade (na verdade pega mal) de ficar cinco minutos analisando o vinho e dissertando sobre aromas e sabores. Se você não se sente confortável para fazer essa avaliação, peça ao sommelier do restaurante, faz parte da função dele." 

# VINHO 'ROSÉ' É FEITO DA MISTURA DO 'BRANCO' COM O 'TINTO' 
"Mito. Rosé, na verdade, é um vinho produzido com uvas tintas. Durante a vinificação, o mosto das uvas (ou seja, o suco antes de ser fermentado) fica em contato com as cascas por um breve período para extrair apenas um pouco de cor e aromas."


Rudiney Freitas