Por que ‘Velho Chico’ é, sim senhor, uma novela para homem Carol Castro, Tarcísio Meira, trilha sonora, diálogos fortes e outros elementos que fazem de 'Velho Chico' uma novela para homens gplus
   

Por que ‘Velho Chico’ é, sim senhor, uma novela para homem

Carol Castro, Tarcísio Meira, trilha sonora, diálogos fortes e outros elementos que fazem de 'Velho Chico' uma novela para homens

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Não sou “noveleiro”, como se dizia no tempo do meu avô. E nunca concordei com esse rótulo antigão que, nas entrelinhas, significa que novela é coisa de mulher. Acho isso uma tremenda bobagem.  Mas se você ainda tem algum preconceito, vale a pena pegar o controle remoto e dar uma olhada em Velho Chico, a na nova novela da Globo que acaba de estrear. A julgar pelo capítulo inicial, a trama tem vários elementos que podem fisgar os homens e fazê-los comentar o capítulo da noite anterior em rodinhas de conversa no café da firma. 

O primeiro deles é a atriz Carol Castro. Linda como sempre, ela interpreta Iolanda, cantora de Salvador de sotaque delicioso que vive uma história de amor-sexo-e-loucuras com o personagem de Rodrigo Santoro. 

Logo no capítulo de abertura, durante uma festa na casa do estudante Afrânio (Santoro), Carol Castro aparece nua em alguns momentos e em cenas de sexo com Santoro – uma ousadia para uma novela das 9. Mas acredite: tudo devidamente dentro de sua personagem e da ambientação tropicalista daqueles loucos anos. 

A novela segue a narrativa rural, que remete a Pantanal (1990), Rei do Gado (1996), Araguaia (2010) e outros folhetins do gênero. Tem uma estética que mescla a rusticidade do campo - suas plantações de algodão, a seca e o trabalho dos camponeses - com a explosão de cores dos anos 60/70, em suas festas de hippies regadas a álcool e outros componenentes que, digamos, “alegram” as pessoas e as tiram da realidade. 

Amarram as belas cenas ótimas canções da música popular brasileira, como Tropicália, que foi regravada por Caetano Veloso exclusivamente para a novela, Como 2 e 2 (Gal Costa), Senhor Cidadão (Tom Zé) e Flor de Tangerina (Alceu Valença). Sem contar nomes novos da MPB: Thiago Pethit, Marcelo Jeneci eTiê também estão presentes na trilha.

Em meio a isso tudo, o texto de Benedito Ruy Barbosa e seus colaboradores se sobressai. Velho Chico tem diálogos fortes, intensos, diretos. Como uma conversa de homem para homem, sem rodeios ou meias-palavras. Esse texto falado por atores do calibre de Tarcísio Meira, que interpreta o coronel Jacinto, e Rodrigo Lombardi, o capitão Ernesto Rosa, ganha mais dramaticidade e soa como verdadeiro a cada pausa dada no momento certo por eles. Prova disso é o embate inicial entre os dois num boteco, entre uma cachaça e outra. Tarcisão e Lombardi arrebentam. Coisa de macho, sim senhor. 

A trama vai mostrar o conflito de duas famílias, revelar a paixão dos filhos de cada uma delas e suas dificuldades para conseguir ficar juntos. No futuro, entram em cena Antonio Fagundes no lugar de Rodrigo Santoro e Christiane Torloni no lugar de Carol Castro, além de outros atores. 

Se na próxima fase a narrativa vai seguir por outra linha, menos durona, ninguém ainda sabe. Por enquanto, Velho Chico vale, sim, ser acompanhada pelos senhores. 


Marcelo Ventura