Aula de sedução!? Superamos o ceticismo e fomos descobrir quem são esses que prometem te transformar num artista da sedução gplus
   

Aula de sedução!?

Superamos o ceticismo e fomos descobrir quem são esses que prometem te transformar num artista da sedução

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“Transforme-se num verdadeiro artista da sedução.” Quando batemos olho nessa frase aqui na redação não conseguimos evitar aquela levantada de sobrancelha, seguida de um cético “Tá!”. O cérebro automaticamente colocou a chamada na mesma categoria das balelas “Trago o amor em sete dias” e “Aumente seu pênis”, mas, bons curiosos que somos, fomos apurar essas história e descobrir o que está por trás da promessa feita pela PUA Training.

Conversamos com Fernando Fênix, responsável pela empresa no Brasil, e com o Dr. Guilherme Malaquias, psiquiatra especialista em sexualidade e membro da equipe, para entender como funciona essa tal de aula de sedução.

O que é
A história do PUA Training começa em 2007, Londres, com Richard La Ruina, um homem que passou de loser (sem amigos, mulheres ou vida social) a Casanova dos tempos modernos, ou melhor, a “pick up artist” (de onde vem a sigla PUA),  que significa artista da sedução.

La Ruina montou, então, o treinamento, para passar para frente seus conhecimentos e ajudar outros homens que passam pelos mesmos problemas que ele um dia enfrentou. Batizando sua técnica como natural, através de cursos e palestras, ensina seus alunos a melhorar suas habilidades sociais e passar uma imagem mais interessante, sedutora para as mulheres.

O curso é apresentado em duas formas: bootcamps e aulas particulares. O primeiro é em grupo e acontece durante um fim de semana, começando na sexta à noite e acabando no domingo à tarde. E dividido em quatro aulas teóricas e quatro aulas práticas.

Nas aulas teóricas, os participantes conversam sobre quais são os seus problemas e recebem dicas dos instrutores para melhorar suas habilidades sociais. Nas aulas práticas, chamadas de games, põem à prova os ensinamentos.

Na primeira aula, na sexta à noite, trabalham a abordagem e pré-abordagem (linguagem corporal). E, em seguida partem para o primeiro night game, numa balada. Onde colocam em prática o que foi discutido. Instrutores acompanham para observar e ajudar, dando feedback na hora.

No sábado, o grupo volta a se encontrar para mais uma aula teórica, onde a o problema de abordagem mais uma vez é trabalhado e o saldo da noite anterior avaliado. Quem conseguiu conversar com mulheres, quem conseguiu um número de telefone, quem se deu bem... 

Depois disso, os rapazes seguem para um day game, num shopping para trabalhar mais um pouco a abordagem, num ambiente não tão favorável para esse contato, como é uma boate. A cada exercício o nível de dificuldade é aumentado para forçar os caras a evoluir. Fênix revela que muitos sofrem de ansiedade de aproximação e que quando o maior problema é a abordagem, ele é resolvido logo nesse primeiro dia.

Na noite do sábado, os alunos voltam a se encontram para mais teoria. Entra em pauta a sedução em si, são exploradas técnicas de conversação, como gerar atração, fazer a pessoa se sentir mais à vontade e aprendem a usar o toque, em escala, para criar proximidade.

Partem, então, para mais um night game, em outra balada. Os games geralmente duram até às 3 da manhã, mas no sábado, os rapazes acabam preferindo ficar até mais tarde, empolgados com suas recém-descobertas habilidades.

No domingo, mais uma reunião e mais day game. Os caras conversam sobre a noite anterior e trabalham mais as técnicas de sedução. O jogo acontece mais uma vez num shopping, onde os alunos devem tentar uma abordagem que os coloca fora de sua zona de conforto e prova sua autoconfiança.

A aula particular, segue o mesmo esquema do bootcamp. Mas o aluno tem dois instrutores só para ele. Fênix acredita que as aulas em grupo são melhores para quem nunca participou do treinamento antes, pois o trabalho em grupo funciona quase como uma terapia e é bom ouvir as experiências de outras pessoas para saber que você não é o único que enfrenta determinado problema.

Tropicalização
O responsável pela vinda do PUA para o Brasil, em 2011, foi Fênix. O ex-promoter já tinha interesse no assunto e estudava técnicas para melhorar seu relacionamento com mulheres por conta própria há quase seis anos. Quando soube que La Ruina, seu amigo no Facebook, viria para o Rio de Janeiro, no final de 2010, se ofereceu como anfitrião.

La Ruina veio com alguns alunos, mas nenhum instrutor, então chamou o amigo brasileiro, já iniciado no mundo da sedução, para dar aulas. Gostando do desempenho de Fênix, o convidou para abrir o PUA no Brasil.

Fênix foi atrás do seu time de instrutores. E, entre os membros de sua equipe, está o seu amigo Dr. Malaquias. O especialista em sexualidade humana confessa que ficou surpreso ao descobrir que existia um curso para sedutores e começou a estudar o tema, para poder ajustar o projeto à cultura latina. Além da tropicalização, o psiquiatra também trouxe uma mudança na metodologia. “Meu papel na empresa é desenvolver a atração, não a sedução”, explica.

Malaquias afirma que muitos dos cursos de sedução trabalham na construção de uma máscara que faça o homem parecer mais interessante para as mulheres, mas ele acredita que isso não é bom porque não é algo que se sustente em longo prazo. As ferramentas que simulam funcionam, mas dentro de um limite. Você veste uma personagem, mas por quanto tempo consegue mantê-la?

Com exercícios comportamentais, trabalhando a autoestima dos alunos, o médico afirma que é mais eficiente criar um estilo de vida interessante que se fingir interessante. “A pessoa interessante tem mais subsídios para seduzir”, afirma.

Malaquias lembra a máxima de que mulher gosta de atitude e garante que quem tem atitude é quem tem confiança. E é isso que acredita ser importante trabalhar: a autoconfiança, para que o aluno sinta que tem uma personalidade, uma vida que pode conquistar alguém.

O próprio Fênix não se considera um sedutor passando seus ensinamentos e ferramentas para os alunos, mas sim um coach dessa área da vida. E explica que o treinamento não promete te transformar num homem irresistível, capaz de conquistar uma Megan Fox, mas promete te dar a confiança para chegar em qualquer mulher que te interesse, seja ela uma Gisele ou uma anônima.

Quem participa?
Menos céticos depois de descobrir que o curso não vende fórmulas mágicas ou frases prontas, nos restou a dúvida: Será que têm homens que realmente precisam desse tipo de ajuda? Quem são esses homens?

Não é de se estranhar que tenhamos essas questões, afinal, não é fácil para homens ou mulheres na nossa sociedade assumir ou aceitar que homens possam ter problemas nessa área da vida. Mas esses homens existem, sim. E nem todos se encaixam no estereótipo do “loser”.

Fênix afirma que não tem um perfil do homem que procura o curso, pois todo mundo tem alguma dúvida quando o assunto é conquista. Tanto que a idade dos alunos varia de 18 a 56 anos; mas 90% é classe A, já que o preço não é exatamente o troco do pão (R$ 1.200,00 pelo bootcamp e de R$3.000,00 a R$ 3.800,00 pela aula VIP).

E explica que muitos dos seus alunos estão passando por um momento difícil de relacionamentos: homens que ficaram casados ou namorando por muito tempo e, quando voltam ao mundo dos solteiros, estão completamente perdidos; homens que passaram parte da vida se dedicando ao trabalho e estudo e não tiveram tempo para desenvolver esse setor.

Reconhece que assumir que essa parte da vida não está legal mexe com a masculinidade e muitos, incluindo ele, têm receio de admitir no começo que estão procurando ajuda. Mas depois do curso e dos resultados, perdem toda vergonha.