Não seja um homem-chiclete Não é amor, é pressão. Entenda por que - tirando sua mãe - nenhuma mulher consegue passar muito tempo com você gplus
   

Não seja um homem-chiclete

Não é amor, é pressão. Entenda por que - tirando sua mãe - nenhuma mulher consegue passar muito tempo com você

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Ontem, valendo-me de avançadas técnicas de espionagem, tive acesso à pasta “mensagens enviadas” presente no celular do homem-chiclete. O que eu encontrei por lá? Provas concretas de que ele é mil vezes mais sufocante do que um mata-leão aplicado pelo Rickson Gracie. Não acredita em mim? Então dê uma olhada no que o homem-chiclete mandou à namorada em um período de, aproximadamente, quinze horas:

07h20: “Bom dia, amor da minha vida!”
07h34: “Obrigado pelo final de semana maravilhoso!”
08h56: “Amor, já está no escritório? Bom trabalho!”
11h59: “Bom apetite. Coma algo bem gostoso por mim.”
14h18: “Eu amo você, ta? Não se esqueça disso!”
16h23: “Cadê você?”
16h49: “Sumiu?”
16h56: “Deve estar em reunião... Só quero que saiba que você é tudo pra mim!”
17h02: “Vamos comer uma pizza no próximo sábado?”
17h45: “Saudade...”
19h07: “Já saiu do trabalho? Amo você!”
20h50: “Vi um pônei na TV e me lembrei de você!”
21h24: “Está ocupada? Posso te ligar para contar uma coisa?”
22h02: “Boa noite e até amanhã!”
22h34: “Amor, sonhe comigo, tá?”

Não vê nada de errado em agir como uma metralhadora incansável de mensagens? Como assim, cara? Você costuma fazer o mesmo? Sério? CUIDADO! CUIDADO! CUIDADO! Conselho de brother e de alguém que - mesmo cheio de boas intenções e de amor pra dar - já sufocou muita gente nesta vida. E aprendeu bastante com isso.

Agindo assim, ou seja, forçando a barra para se manter em constante contato com a sua parceira e repetindo frases melosas como um papagaio cheirado, você está oferecendo um imenso risco à sua relação, acredite.

Já parou para pensar no que leva você a mandar tantas mensagens e a se sentir tão angustiado nos momentos em que não está – e não pode estar! - em contato com a sua namorada? Não? Eu explico: você tem a sensação de que estar presente em todos os momentos da vida dela é uma forma de neutralizar as possibilidades de perdê-la, como se qualquer mínima distância ou pontual falta de contato representasse uma ameaça à relação e uma brecha a potenciais “Ricardões”. Você pensa que passar o dia todo enviando lembretes da sua existência – e do amor que sente - é a maneira mais eficiente para fazê-la pensar duas vezes antes de aceitar convites indecentes de outros homens ou de decidir deixar você. Mas não é, meu caro. Infelizmente, não é. Aliás, quando não permite que pequenos hiatos, distâncias e silêncios aconteçam entre você e a sua namorada, você assassina dois elementos essenciais a qualquer relacionamento: o desejo e a saudade. Por que você os assassina? Porque o desejo e a saudade são reflexos diretos da falta, simples assim. Ou você acha que ela conseguirá desejar alguém que tem a todo segundo? Nunca. E, obviamente, também não sentirá saudade de um ser que não é capaz de passar nem o período comercial sem inventar desculpar para aparecer, para dar um “oi”, ao menos.

Não estou dizendo para parar de atender aos telefonemas dela ou sugerindo que você passe uns anos escondido no Tibet, sem dar satisfação ou deixar recado colado na geladeira. Nada disso, irmão. Apenas aceite – sem tentar eliminá-los ou sofrer por causa da inevitável existência deles - os espaços que a rotina naturalmente colocará entre você e a sua moça. Quando ela sair para tomar uma cerveja com as amigas, não fique inventando desculpas mirabolantes para conversar com ela. Quando ele estiver trabalhando, trabalhe a seu autocontrole e não faça com que “dar respostas” às suas mensagens se torne mais uma tarefa inadiável em meio às muitas tarefas inadiáveis que ela já tem. Faça-a respirar, ao invés de asfixiá-la, em outras palavras.

Outra coisa: diga “eu te amo” apenas quando sentir vontade de demonstrar o seu amor, e não quando está morrendo de medo de ser traído e, por isso, acha necessário expor argumentos capazes de criar pesos na consciência dela. Isso é ridículo. Não captou o que eu quis dizer? Vou ser mais claro: pare de mandar declarações de amor somente nas vezes em que ela está longe de você e rodeada por caras que a sua imaginação fértil considera perigosos. Entendeu agora? 

Grude menos, cara. É sério. Ou, de tanto que fará de tudo para tê-la sempre por perto, vai fazer com que ela queira você longe dela. O contrário também é verdadeiro: não agir como um carrapato – ou um carcereiro - é a melhor forma de aumentar as chances de ela querer ficar grudada em você. 


Ricardo Coiro