A fera do octógono Com apenas 27 anos, o lutador capixaba Erick Silva mostra porque é a promessa do Brasil no MMA gplus
   

A fera do octógono

Com apenas 27 anos, o lutador capixaba Erick Silva mostra porque é a promessa do Brasil no MMA

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Muitos daríam muito mais que um dedo para "botar o pau na mesa" na frente de todo mundo e resolver seus dilemas com a nobreza de um leão. Um jovem rapaz de Vila Velha, Espírito Santo, que sonhava em ser jogador de futebol, vem fazendo isso de forma brilhante num esporte bem mais agressivo, colecionando vitórias e arrancando elogios de grandes figurões.

Erick Vinicius Silva e Silva, popularmente conhecido como Erick Silva,  é um expoente lutador meio-médio de Artes Marciais Mistas (MMA) que começou no Jiu-Jitsu e mal teve tempo de amargar sua única derrota. Apesar da pouca idade, Silva conquistou 13 vitórias das 16 lutas que participou, e mesmo diante da polêmica a respeito de sua luta contra Carlo Prater, foi apontado como um dos grandes talentos do Brasil pelo magnata norte-americano mandatário do UFC, Lorenzo Fertitta.

A fera do octógono é humilde, porém impassível, e conta que ficou "feliz e lisonjeado com as palavras dele", mas que tem convicção de que precisa "continuar trabalhando muito para desempenhar um bom papel". Alexandre Matos, editor do site MMA Brasil, concordou com Fertitta em "gênero, número e grau". 

"Não sei se um dia ele vai chegar a ser campeão do UFC, afinal a categoria dele é comandada por um fora-de-série (Georges St. Pierre), mas o Erick tem totais condições de se colocar entre os melhores do mundo", aponta Matos. 

Segundo ele, Erick Silva está numa equipe de ponta, cercado por profissionais de alto gabarito como Josuel Distak, treinador de MMA, o preparador físico Rogério Camões, Eric Albarracin, treinador de luta olímpica, o treinador de boxe Edelson Silva e Alex Gazé, treinador de Muay Thai. Silva não faz cerimônias e confessa que treina com caras grandes mesmo: "O Anderson, Minotauro, Minotouro, Jacaré, Rafael Feijão, mas não é verdade que é só com grandes. Temos uma preparação bem variada, pois o nosso esporte exige isto. Eu treino também com lutadores menores que são excelentes e que dão muito trabalho".

Mesmo com 77 kg, Silva treina com oponentes até 15 kg mais pesados que ele, como é o caso de Feijão, e Matos garante que os adversários que o lutador enfrenta durante seu treinamento "são todos de uma ou duas categorias acima de Erick". De acordo com o editor, Silva é ao mesmo tempo técnico e agressivo, e bom tanto em pé quanto no chão. "O nocaute sobre o Luis Beição em sua estreia no UFC mostrou a mão pesada que ele tem", sugere ele. 

Erick reconhece que vem desenvolvendo a luta em pé a cada dia, pois apesar de sua origem no Jiu-Jistu, ele afirma que "gosta muito da parte de trocação", pois "o lutador de MMA tem que estar preparado para várias situações", garante o atleta. Seu treinamento é extremamente puxado, mas o lutador parece incansável. 

"Chego na academia todos os dias às 12h. Fazemos toda a preparação para a luta neste horário. Parte de chão, grade, Wrestling, trocação, enfim, tudo. Almoço às 15h30, 16h e depois vou descansar um pouco. Lá pelas 19h volto para a academia para fazer a preparação física. Aí, teoricamente, acabaria! Mas sempre vou na Tem Nogueira e treino um pouco mais. Chego em casa quase meia noite todos os dias. O Camões (preparador físico) que fica louco, pois ele manda eu ir para casa descansar (risos)", comenta Erick Silva.

Focado em seu trabalho, o lutador e fã de Royce Gracie desabafa que quando está em combate pensa somente em colocar tudo o que treinou em prática, e que antes de entrar no octógono deseja antes a vitória do que o nocaute. "Quando conseguimos a vitória a felicidade é imensa", decreta o lutador revelação.

Quanto ao julgamento de Mário Yamasaki em sua luta contra Prater, Silva declara que o juiz "sabe que errou e teve uma decisão infeliz. Todos nós podemos cometer erros. Já até conversamos e está tudo bem. Não guardo nenhuma mágoa ou rancor do Mário, que é um grande árbitro", esclarece o lutador.

Alexandre Matos reconhece que Yamasaki é um profissional preparado, mas que ele realmente cometeu um erro ao desclassificar Silva alegando golpes ilegais. "De todos os golpes desferidos pelo Erick naquela situação, com o Carlo no chão, apenas um pegou realmente na parte de trás da cabeça. E este único foi dado depois de uns oito golpes legais. Como o Prater não esboçava reação, o Yamasaki deveria ter interrompido a luta antes e decretado o nocaute técnico a favor do Erick. Teria poupado a nuca do Prater e o cartel do Erick", explica o editor.

O MMA proíbe mais de 30 golpes, entre eles na nuca, genitais, cotoveladas de cima para baixo, golpes na coluna, entre outros. Matos reclama que o Brasil não tem uma comissão atlética ou um órgão que regulamente a modalidade,  e que por isso "ficamos de mãos atadas, dependendo de uma auto-regulamentação do UFC, coisa que acontece em eventos em locais que não possuem órgãos reguladores", lamenta ele. 

Em relação ao futuro, Erick diz não ter predileções sobre adversários e que pretende continuar no esporte mesmo depois que parar de lutar. "Poxa, já está querendo me aposentar? Tenho muitas lutas pela frente ainda (risos). Mas quando parar, certamente, vou continuar no mundo da luta. Gosto de dar aulas, fiz isso durante muito tempo, mas como falei, ainda é muito cedo para falar sobre algo", garante o jovem promissor.