A febre dos e-sports, os esportes eletrônicos, já rende milhões Competições de games rendem prêmios milionários e atraem multidões de fãs; cresce também o número de jogadores profissionais gplus
   

A febre dos e-sports, os esportes eletrônicos, já rende milhões

Competições de games rendem prêmios milionários e atraem multidões de fãs; cresce também o número de jogadores profissionais

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No filme “Gigantes de Aço”, de 2010, o diretor Shawn Levy ilustra um futuro em que milhares de pessoas lotam estádios para assistir às lutas entre robôs controlados por seres humanos. A realidade ainda não chegou a tal ponto, mas a tecnologia já está revolucionando drasticamente a forma como enxergamos o esporte. 

Hoje, jogos eletrônicos como League of Legends (LOL), Dota 2 ou Counter-Strike: Global Offensive (CS: GO), que até pouco tempo eram vistos como “brincadeira de criança”, já estão lotando arenas do mundo inteiro e rendendo prêmios milionários às melhores equipes. 

Entre os diversos torneios de e-sports, são os mundiais de Dota 2 os que dão os prêmios mais generosos. Conhecido como “The International”, o torneio mundial de Dota 2 é anual e distribui mais de 20 milhões de dólares entre as equipes participantes. Neste ano, a competição foi realizada em Seattle, nos Estados Unidos, e foi vencida pela equipe chinesa Wings Gaming, que levou o prêmio de 9,1 milhões de dólares. 

E-Sports no Brasil
O Brasil, como o 11º maior consumidor de games do mundo, não deixou de ser contagiado por essa febre que chamam de electronic-sports (ou somente e-sports). Em território nacional, é a Confederação Brasileira de Esportes Eletrônicos (CBEE) que supervisiona e fiscaliza os e-sports. Ela surgiu em 2006, e desde então busca profissionalizar ainda mais os cyber atletas brasileiros.

Certamente, não somos craques só com as bolas nos pés. No ano passado, a equipe alemã SK Gaming venceu o mundial de CS: GO e faturou 500 mil dólares, contando apenas com cyber atletas brasileiros. Cá entre nós, o título foi verde-amarelo.

Mas, diferente do futebol, os melhores cyber atletas brasileiros nem sempre vão parar na Europa. Por aqui, equipes de e-sports estão se profissionalizando cada vez mais e se tornando mais conhecidas a cada dia.

A mais famosa do Brasil é a paulista paiN Gaming. Para se ter uma ideia de seu tamanho, ela possui mais seguidores na internet do que alguns times da Série A do Brasileirão: com mais de 550 mil seguidores no Facebook, a página da paiN ganha de goleada do Coritiba, Ponte Preta, América Mineiro, Chapecoense e Figueirense, que não passam do 350 mil.

Ao saber que a paiN Gaming  teria um estande próprio na Brasil Game Show (BGS), a maior feira de games da América Latina, realizada no início de setembro do ano passado, o AreaH correu para o São Paulo Expo, onde o evento foi realizado. No segundo dia de BGS, a paiN anunciou o programa de sócio-torcedor e se tornou a primeira equipe de jogos eletrônicos a fazer isso no Brasil.

Mas, só isso não era o bastante para os fãs da paiN que foram à BGS. Eles queriam ver os craques em ação. E, foi justamente no último dia de evento que eles puderam ter esse gostinho, quando sua equipe de Dota 2 enfrentou a TShow pela final da Brasil Game Cup.

A partida estava prevista para às 14 horas. Mas, antes mesmo desse horário, já havia torcedores ansiosos à espera do início do confronto. Um deles era Lucas Sales, jogador de uma equipe amadora de Dota 2, que foi ao último dia da BGS especialmente para assistir à final. Ao ser questionado quem seria o campeão, ele respondeu sem titubear: “a paiN Gaming”.

Ao som de torcedores eufóricos – alguns uniformizados –, as equipes da paiN Gaming e da TShow entraram no palco para  disputar a finalíssima, que seria decidida em uma melhor de cinco partidas.  Após quatro horas de muita jogatina, eis que a profecia de Lucas se concretizou. De forma arrasadora a paiN venceu por 3 a 0 o time da TShow. “O placar de 3 a 0 já esperado por nós”, afirmou, cheio de confiança, Emiliano “c4t” Ito, um dos jogadores de Dota 2 da paiN.

O prêmio foi pequeno, se comparado ao mundial de Dota 2: 35 mil reais. Porém, isso não diminuiu a grandeza do espetáculo. Quem não foi à BGS pôde acompanhar a partida pelo Esporte Interativo - com direito a narração e comentários –, ou viu o resultado pelo site da oficial da ESPN Brasil.

Imprensa esportiva e clubes de futebol investem em E-sports
Você até pode estranhar, mas a imprensa especializada em esportes está entrando com tudo na cobertura de grandes jogos eletrônicos. Recentemente, a SportTv transmitiu ao vivo a partida que levou a equipe brasileira INTZ ao mundial de League of Legends.

Entretanto, não é somente a imprensa esportiva que está embarcando nos e-sports. Tradicionais clubes de futebol do Brasil e do mundo também estão entrando nessa onda.

A equipe do Remo - aquela mesmo que já venceu por 44 vezes o Campeonato Paraense de futebol - formou neste ano uma equipe de e-sports e já está colhendo frutos. Conhecidos como Remo Brave, eles conquistaram o título da Brasil Game Cup na modalidade CS: GO e levaram para Belém o prêmio de 15 mil reais.

Entre os times da Série A do Brasileirão, o Santos foi o primeiro a montar um time de e-sports. Conhecidos como Santos Dexterity, eles possuem equipes que disputam campeonatos de LOL, Dota 2, CS: GO, Battlefield, Warcraft, entre outros.

Esse mesmo fenômeno também atingiu times do futebol europeu. Entre os grandes clubes do Velho Continente, diversos já possuem equipes de e-sports, entre eles estão: Manchester City, Valencia, Schalke 04, West Ham, Wolfsburg e Besikitas.  E é bem provável que no futuro essa lista seja ainda maior.

 


Guilherme de Souza Guilherme