5 Lições de vida do astronauta brasileiro Descubra o que Marcos Pontes, o único astronauta do Hemisfério Sul do planeta, aprendeu com sua jornada até o espaço gplus
   

5 Lições de vida do astronauta brasileiro

Descubra o que Marcos Pontes, o único astronauta do Hemisfério Sul do planeta, aprendeu com sua jornada até o espaço

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Se você assistia Mundo da Lua quando era moleque sabe que na época que o seriado passava na TV Cultura, ir para o espaço era um sonho remoto, praticamente impensável para um brasileiro. Era uma ideia quase infantil, um devaneio de garoto lunático que passava horas trancado no quarto com seu gravador antigo. 

Mas 15 anos depois, no dia 29 de Março de 2006, Marcos Pontes provou que a realidade supera a ficção. Depois de ter sido selecionado pela NASA e passado dois anos em treinamento em Star City, o astronauta brasileiro decolou do Centro de Lançamento de Baikonur, no Cazaquistão, a bordo da Soyuz TMA-8, rumo à Estação Espacial Internacional (ISS). Ele passou dez dias em órbita no espaço para concluir a Missão Centenário com pleno sucesso. 

“A sensação de ‘voar’ é magnífica”, conta Pontes ao AreaH, ressaltando que “nos primeiros dias a adaptação do organismo é difícil. Depois, o corpo degenera (ossos, circulação, hormonal, imunológico, radiação, etc).”

Ao contrário do que alguns podem pensar, o trabalho de um astronauta está bem longe de ser apenas ficar flutuando a esmo pela ISS. Como especialista de missão, a função de Marcos Pontes era montar, consertar e configurar sistemas, além de realizar experimentos a bordo. “O trabalho em zero g exige muito cuidado para não perder ferramentas.  A rotina de trabalho era extremamente apertada: 18 horas de trabalho e 6 horas de descanso por dia.”
O astronauta explica que a competência exigida para voos espaciais inclui 70% de conhecimento técnico em sistemas, 15% de preparação emocional, 10% de preparação fisiológica e 5% de condicionamento físico.

Veja a seguir as cinco lições de vida que Pontes aprendeu em sua carreira e fez questão de dividir com a gente!

1. Não existem soluções mágicas e rápidas para o sucesso
Pelo menos não aquele completo, sólido e duradouro em todas as áreas da vida. “Não existem ‘atalhos’. Nem mesmo ‘ganhar na loteria’ pode ser considerado um atalho, pois não tem amplitude nas áreas da vida e muito menos solidez, pois se trata apenas de dinheiro”, defende Pontes.” O sucesso é algo muito mais amplo, e envolve crescimento intelectual, espiritual, financeiro e qualidade de vida.”

2. É preciso começar com um sonho
Filho de um servente de serviços gerais do Instituto Brasileiro do Café e uma escriturária da Rede Ferroviária Federal de Bauru, Marcos Pontes morava numa casa de madeira com seus pais, e sonhava em ser piloto. “Todos os finais de semana eu ia de bicicleta ao aeroclube da cidade para ficar "mais perto" dos aviões”, conta. “Como não tinha dinheiro para pagar pelas caras horas de voo, os pilotos do local me aconselharam a entrar para a Força Aérea.”

De cadete aviador da Academia da Força Aérea (AFA), Pontes seguiu adiante até se tornar piloto de combate da Força Aérea Brasileira. Depois disso ele ainda se formou em Engenharia Aeronáutica pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), onde também se tornou mestre em “Otimização de Trajetórias Orbitais”. Em 1998, Marcos Pontes foi selecionado via concurso público para cumprir a participação do Brasil na ISS, acordo assinado pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso no ano anterior. Depois de dois anos de curso no Johnson Space Center, em Houston, Texas, Pontes finalmente recebeu o “brevê de astronauta” em dezembro de 2000.  
 
3. Persistência é a chave de toda grande realização
Só que entre questões de treinamento e política, o astronauta teve que aguardar mais seis anos até conhecer o espaço. “Para chegar lá você tem que definir metas claras, ter um planejamento completo, se preparar intelectual, espiritual, física e emocionalmente para executar o objetivo;  trabalhar com muita dedicação, resistir aos obstáculos e levantar quantas vezes for necessário”, observa.  Pontes descreve seu método de pensamento completo em seu livro "É Possível! Como transformar seus sonhos em realidade", disponível no seu site.

4. Trabalhe para transformar suas escolhas em decisões corretas
Como a função de astronauta é civil, Pontes teve que deixar de exercer suas funções militares para aceitar o convite para a missão, o que era basicamente tudo o que ele havia se dedicado na vida até então. “A vida da gente é interessante. Temos decisões a tomar e, geralmente, pouco tempo e informação para ter plena certeza do caminho a tomar”, avalia o astronauta. “O pior é que nossas decisões são exatamente as responsáveis diretas pelo nosso sucesso ou fracasso.”

5. O seu sucesso pode incomodar
O garoto que trabalhava de aprendiz de eletricista para custear um curso de técnico em eletrônica no SENAI, e ia para o colégio à noite, só encontrava tempo para estudar para ser piloto da AFA nos momentos de folga do trabalho. “Quando você quer fazer, realmente, alguma coisa, você não pode procurar por desculpas, mas por soluções”, escreve Pontes em sua biografia. Segundo ele, muitos colegas que o flagravam em meio aos livros diziam que ele era um zé ninguém que jamais colocaria os pés num avião. “Aquilo me deixou muito chateado e desanimado”, afirma Pontes ao relembrar seus 14 anos. Foi então que dona Zuleika, sua mãe, disse as palavras que ressoariam na mente do astronauta na superação de seus maiores desafios. “Não dê ouvidos às palavras ruins das pessoas. Elas têm a vida delas e, no fundo, não se importam com o seu fracasso. Talvez o seu sucesso possa incomodá-las.”


Danilo Barba