gplus
   

PF diz que gravação feita por Joesley não foi adulterada

23/06/2017 00:00

Confira Também

A Polícia Federal concluiu, nesta sexta-feira (23), a perícia na conversa gravada pelo empresário Joesley Batista com o presidente Michel Temer (PMDB). Após a análise, os peritos da PF afirmam que não houve edição no áudio apresentado pelo dono da JBS.

Depois de quase um mês de investigação, a conclusão é de que as pausas na gravação, entregue pelo empresário para fazer o acordo de delação premiada, não são "indícios de adulteração ou descontinuidade" - como sustenta a defesa do presidente - e sim, um recurso do gravador, que automaticamente para de funcionar quando não identifica vozes no ambiente.

A análise contratada por Temer apontou dados diferentes. O perito em fonética forense Ricardo Molina disse que o áudio não pode ser usado como prova pelo Ministério Público porque as interrupções detectadas podem ser fruto de "montagem" no material.

Já o advogado de Temer, Antônio Mariz de Oliveira, sustenta que é "irresponsabilidade" acusar o presidente com base na palavra de um réu confesso. “É a palavra desse delator, do conhecidíssimo cometedor de crimes contra o sistema financeiro brasileiro, o conhecidíssimo ator desse cenário de corrupção do país, que hoje está se tornando num paladino da honestidade. E o segundo fato ao lado da delação, é a gravação provocada por ele, que foi o grande instrumento para que ele pudesse obter as benesses que ele teve. Então não há fato novo nenhum”, afirma.

O laudo da perícia da Polícia Federal já foi encaminhado ao relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Edson Fachin, que por sua vez encaminhará o material ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que vai finalizar as denúncias contra Temer. Janot já decidiu o que fazer.

Serão três ações contra o presidente: a primeira, por corrupção passiva, já está pronta e será despachada na próxima segunda ou terça-feira. As outras duas, por obstrução à Justiça e organização criminosa, virão na sequencia.

O fatiamento dos pedidos pode obrigar a Câmara a realizar três votações para definir se abre processo contra Michel Temer. Na base, a conclusão é a de que Rodrigo Janot está fazendo o possível para desgastar o governo.

O procurador-geral da República pode encaminhar os pedidos, em conjunto ou separadamente, ao STF, que envia os documentos à Câmara. Os deputados vão decidir se o presidente pode ser investigado por crimes comuns.

O governo aposta que vai barrar o processo com folga, já que conta com mais votos do que os 172 necessários no plenário e trabalha em duas frentes: para que a decisão dos parlamentares seja rápida e para que as três denúncias sejam agrupadas, ou seja: caiam com o mesmo relator na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e que ocorra votação única.

O presidente da CCJ terá um papel fundamental nas articulações. O deputado, que é do PMDB, mesmo partido de Temer, sinaliza, no entanto, que as ações devem ser analisadas separadamente. “Considerando que cada denúncia tem a sua própria realidade, a apreciação deve ser individual”, enfatiza Rodrigo Pacheco. 

Leia ainda: