Vilã ou mocinha? A cerveja parecer ter alcançado o mesmo status que o vinho no que diz respeito à saúde. Mas será que ela é tão boazinha assim? gplus
   

Vilã ou mocinha?

A cerveja parecer ter alcançado o mesmo status que o vinho no que diz respeito à saúde. Mas será que ela é tão boazinha assim?

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É difícil não se empolgar quando anunciam os benefícios que o consumo de cerveja pode trazer à saúde. Mas não dá para sair por aí enchendo o caneco só porque você leu que a bebida não é culpada pela barriguinha de chope ou que ajuda a prevenir alguma doença. Para entender saber quais são os mitos e as verdades sobre o papel da cerveja na saúde conversamos com médicos e nutricionistas.

Barriguinha
Quantas vezes não ouvimos falar que a culpada pela famosa barriga de chope não é a bebida, mas sim os alimentos que geralmente a acompanham? Sim, uma porção de bata frita tem muito mais calorias que um copo de cerveja, mas a loira não inocente, não. Camila Abreu, nutricionista da Unifesp, lembra que, enquanto um grama de carboidrato ou proteína tem 4 calorias, um grama de álcool tem 7, bem perto das 9 calorias que um grama de gordura tem. Uma lata de cerveja, 350 ml, tem 144 calorias. É pouco, mas quantas cervejas você normalmente toma?

E a Dra. Lenita Zajdenverg, endocrinologista membro da Sociedade Brasileira de Diabetes, também chama atenção para o fato de que o crescimento da gordura abdominal é determinado por predisposição genética e “o acúmulo de gordura corporal ocorre em pessoas que ingerem mais calorias do que gastam, independente do tipo de alimento”.

Diabetes e hipertensão
Uma pesquisa recente da Universidade Barcelona constatou que quem bebe cerveja com moderação apresenta menor incidência de diabetes e hipertensão, mas não se anime achando que beber vai te prevenir desses males. Mas quem participou da pesquisa tinham mais de 55 anos e seguia a dieta mediterrânea, rica em legumes, azeite, peixes e carboidratos e sem muita carne vermelha, que é nem diferente da nossa dieta brasileira.

E a Dra. Zajdernverg lembra que, apesar da cerveja poder ser consumida com moderação por quem tem diabetes, é preciso ter um acompanhamento médico, já que a quantidade de bebida que o paciente pode tomar depende de diversos fatores, incluindo o tipo de tratamento que faz para controlar a doença.

E a endócrino ainda alerta: “O uso excessivo do álcool leva a alterações comportamentais, diminuição da vigilância e. consequentemente, piora do controle do diabetes, principalmente, naqueles que necessitam utilizar insulina.” A pessoa com diabetes deve fazer uma alimentação adequada contendo carboidratos antes de beber, prevenindo assim casos severos de hipoglicemia, “pois o álcool inibe um importante mecanismo de defesa do organismo contra níveis muito baixos de glicose no sangue, necessário para pessoas que usam insulina ou medicamentos para tratar o diabetes”.

Benefícios
Os malefícios que o consumo de bebidas alcoólicas são muitos, entre eles o alcoolismo, a pancreatite crônica e a gordura abdominal como fator de risco para problemas cardiovasculares. Mas não podemos ignorar que a cerveja tem sim algumas propriedades que fazem bem para o nosso corpo.

A nutricionista Fernanda Pisciolaro afirma que a cerveja contém polifenois, substâncias com capacidades antioxidantes, e é rica em silício, mineral importante para a saúde do da pele e dos ossos, por exemplo. Mas a Camila Abreu lembra que “a cerveja deve ser consumida com moderação apenas com o intuito de apreciar o seu sabor, não como uma forma de promoção de saúde”.

Dosagem
Como fica claro na fala dos médicos, o segredo para evitar os males que a cerveja pode causar é o consumo moderado da bebida. Mas quantas latinhas cabem no moderado? A resposta unânime dos especialistas é duas. Isso mesmo, 700 ml! E no máximo duas vezes por semana.

O consumo diário da bebida não é recomendado, especialmente por conta do risco de etilismo crônico, afirma a Dra. Ana Cristina Belsito, endocrinologista do Hospital São Vicente de Paulo.