Como reagi a um segundo filho – um pouco de aritmética masculina A 'matemática' de um homem quando da chegada do segundo rebento é mais simples do que parece gplus
   

Como reagi a um segundo filho – um pouco de aritmética masculina

A 'matemática' de um homem quando da chegada do segundo rebento é mais simples do que parece

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Tempos atrás comentei sobre a alegria de ser pai; na verdade – e mais especificamente – de ser pai de menina (veja mais aqui). 

No entanto, não escondo que quando soube da iminente chegada de minha segunda filha entrei em relativo parafuso: as contas que seguramente aumentam, reforma à vista no apartamento, a responsabilidade de criar (mais) alguém pra este mundão, a volta das noites mal-dormidas, as intermináveis trocas de fraldas. Amigos e conhecidos já mais experientes no tema procuram te manter calmo: “Fica tranqüilo, o segundo filho é mais fácil”, “Pra quem já encaminhou um filho, o segundo tira de letra” são frases de efeito bastante ouvidas neste momento. 

Mas, lá no fundo, essas preocupações tinham papel secundário na minha cabeça. Meu maior temor, a bem da verdade, foi pensar em “Como vou conseguir amar outra filha, já oferecendo todo o meu amor à primogênita?” ou, em outras palavras, “Será possível ‘duplicar’ todo este sentimento?”. 

Para pais que se dedicam com afinco a seu primeiro herdeiro, imagino que essa dúvida seja cabível, compreensível – e até mesmo frequente. Talvez esteja fundamentada em nossa cabeça ocidental, monogâmica, de torcer sempre pra um único time de futebol (diz-se que quem tem mais de um time de coração, na verdade, não tem qualquer um) ou se dedicar, na maioria dos casos, a uma única atividade profissional. Ou mesmo, como bem definiu um amigo recentemente, seja intrínseco ao raciocínio cartesiano masculino, achando que terá de dividir um amor até então dominante.

Acredito que este amigo acertou na veia: a matemática é o “x” desta questão. Mas o fato do homem pensar que terá de dividir (o amor) é a operação equivocada desse problema; na prática, aprendi que o correto é pensar em uma conta de multiplicação. Isso mesmo. Com a chegada da minha segunda filha, quase na noite de Réveillon de 2010, notei (mesmo sem conseguir comprovar cientificamente) que fui capaz de dobrar o amor por um filho, de forma a abraçar um novo ‘dependente’ sem diminuir em nada o carinho por quem veio ao mundo primeiro. Sou capaz até de inferir que caso tivesse uma terceira cria chegaria ao triplo do amor original. Mas esta “prova” prefiro deixar para o corajoso leitor.

Como diria a Tia Maricota lá nos tempos de primário, a matemática está mesmo por todo lado. 


Rodrigo Moreno