5 grandes antagonistas na história do futebol mundial No futebol, jogadores e times seriam unanimidade no imaginário coletivo se não existissem alguns "opositores" gplus
   

5 grandes antagonistas na história do futebol mundial

No futebol, jogadores e times seriam unanimidade no imaginário coletivo se não existissem alguns "opositores"

Confira Também

Super-heróis fazem muito sucesso nos quadrinhos e filmes ao salvarem as cidades e seus habitantes do perigo iminente. No entanto, essa popularidade paladina também deve muito aos antagonistas, que juntam forças para fazer oposição aos heróis, e, por fim, fortalecê-los. Não há dúvidas de que o Batman não seria o mesmo sem o Coringa.

No futebol, esporte capaz de roteiros e reviravoltas invejáveis a qualquer diretor de cinema, a lógica não é muito diferente. Há jogadores e times que, em algum momento da história, precisaram de antagonistas para serem testados e se mostrarem mais fortes. 

LEIA TAMBÉM



Imagine como estaria ainda mais consolidada a hegemonia de Lionel Messi, por exemplo, sem a existência de um jogador português para rivalizar com o craque argentino. Ou então pense como seria o futebol brasileiro caso o esquadrão uruguaio não tivesse vencido a Copa de 1950 em um Maracanã lotado. 

Messi evoluiu ainda mais com a competitividade de seus adversários, e a seleção também aprendeu algumas lições desde aquela tragédia na primeira Copa realizada no Brasil. Os antagonistas na história do futebol são mais do que importantes, são essenciais para o esporte. 

#1 - SANTIDADE DE PELÉ
Antes mesmo de Pelé se aposentar, o que Edson Arantes fez em 1977, muitos compatriotas do craque e outros amantes de futebol já afirmavam que seria impossível alguém destronar o tricampeão mundial na realeza do esporte. Porém, um ano antes de Pelé pendurar as chuteiras, surgiu no Argentinos Juniors um garoto muito bom de bola chamado Diego Armando Maradona. El Pibe de Oro, como era conhecido por seu potencial desde jovem, já driblava adversários com facilidade admirável e marcava gols exuberantes. 

O craque albiceleste, com o passar dos anos, fez sua história no futebol. Venceu a Copa do Mundo em 1986 e conquistou o coração de argentinos e apaixonados por futebol ao redor do planeta. Figuras bem diferentes em comportamento, Pelé e Maradona aos poucos começaram a ser comparados, especialmente por nossos hermanos. A rivalidade entre os dois gênios do esporte, inclusive, ajudou a esquentar os clássicos entre Brasil e Argentina, grandes embates dignos de muita emoção. 

Com o tempo, ganharam força as discussões em mesas redondas esportivas e conversas de bar entre amigos sobre quem realmente seria o dono do "trono do esporte bretão". E, mesmo com tantas outras figuras reivindicando o posto - inclusive na atualidade -, ainda há quem questione o dono do maior protagonismo no panteão da bola. Maradona, de fato, conseguiu antagonizar com Pelé.

#2 - VILÃO CELESTE
Em 1950, o Brasil hospedava uma Copa do Mundo pela primeira vez. A seleção, que jogava de branco e ainda não era canarinho, tinha grandes nomes na equipe, entre eles o meio campista Zizinho e o atacante Friaça. A campanha brasileira foi exitosa durante a competição, com goleadas acachapantes sobre o México (4 a 0) na primeira fase e frente à Suécia (7 a 1) e Espanha (6 a 1) na fase final. 

A empolgação com as atuações, resultados e o "clima da casa" fizeram com que os torcedores acreditassem que o primeiro título mundial do Brasil era questão de tempo. O rival dos anfitriões no jogo final não havia tido resultados tão expressivos nas últimas partidas, afinal, empatou com a Espanha (2 a 2) e venceu por um placar apertado (3 a 2) contra a Suécia - equipes destruídas pelo Brasil.

O Maracanã estava abarrotado de torcedores, com aproximadamente 200 mil pessoas ansiosas para assistir ao jogo entre brasileiros e uruguaios - para boa parte do público e imprensa, a partida era mero protocolo para o título do Brasil. O clima ficou ainda mais festivo com o primeiro gol brasileiro, marcado por Friaça. Porém, é sabido que os vilões esperam o momento oportuno para atacar e destruir os mocinhos. Schiaffino foi quem iniciou o drama tupiniquim, ao empatar o jogo e trazer realidade à partida. Aos 34 minutos da etapa final é quando viria o golpe certeiro que nocautearia todo um país apaixonado por futebol. Alcides Ghiggia avançou pela direita e chutou forte contra o gol brasileiro, defendido por Barbosa. Virada do Uruguai.

Naquele 16 de julho de 1950, os heróis brasileiros aclamados por seu povo foram derrotados por um anti-herói chamado Alcides Ghiggia. O brasileiro amante de futebol nunca irá esquecer o nome de seu carrasco, aquele que impediu a seleção de vencer a primeira Copa em casa e fez uma nação chorar. Ghiggia está na história - e imaginário brasileiro - para sempre.


#3 - OPOSIÇÃO PORTUGUESA
Pep Guardiola é considerado por jornalistas e apaixonados por futebol um dos maiores técnicos do mundo e da história do esporte. O espanhol, que começou a carreira de treinador no Barcelona B, na temporada 2007/2008, venceu a Liga dos Campeões com a equipe principal do time catalão um ano depois do debute à beira do campo. 

Guardiola também foi responsável pelo amadurecimento de Lionel Messi, aperfeiçoamento do desempenho de atletas como Busquets, Xavi e Iniesta, além da implementação de um modelo de jogo que encantou o mundo: toque de bola intenso e trocas de posição constantes. No entanto, enquanto Pep colecionava taças com um estilo de jogo mais propositivo, um outro treinador também se estabelecia como vencedor - mas dono de um modelo bem mais pragmático: José Mourinho. 

O técnico português ganhou a Liga dos Campeões da temporada 2003/2004 comandando o Porto e conquistou outros troféus nos anos posteriores, treinando o Chelsea. Recebeu a alcunha de Special One e começou a ser comparado com Guardiola incessantemente pela imprensa e torcedores ao redor do mundo. José Mourinho, portanto, se estabeleceu como um contraponto forte ao técnico espanhol que encantou o mundo com o Barcelona. 

Na temporada 2009/2010, Guardiola e Mourinho estiveram frente a frente em uma semifinal de Liga dos Campeões. Dois estilos de jogo distintos, duas personalidades diferentes de treinador, dois grandes clubes europeus e apenas uma vaga na final da Champions. Na primeira partida, disputada na Itália, vitória por 3 a 1 da Inter; na volta, triunfo espanhol pelo placar mínimo. Em dois jogos, José Mourinho destronou o Barcelona de Pep, impediu a chance do bicampeonato catalão, e avançou à final que venceria sobre o Bayern de Munique. O técnico português, portanto, se estabeleceu como o adversário direto a Guardiola com o passar dos anos. E mesmo que Mourinho não esteja fazendo bons trabalhos recentemente e outros treinadores já ameacem Guardiola, o português continua um dos maiores antagonistas do espanhol no imaginário coletivo dos amantes do esporte bretão.  


#4 - O PESADELO ROSSI
A seleção de 1982 é conhecida até hoje como sinônimo de jogo bonito, plasticidade técnica e reduto de grandes craques. E não há como ser diferente, afinal, um elenco composto por jogadores como Júnior, Sócrates, Cerezo, Zico e Falcão transborda talento. Na Copa daquele ano, realizada na Espanha, a seleção canarinho era considerada uma das favoritas ao troféu e começou o torneio muito bem. Engatou três vitórias na fase inicial, venceu a Argentina na segunda etapa do campeonato e então precisou enfrentar a Itália.

A Azzurra, bicampeã em Copas até o momento do torneio em solo espanhol, não demonstrava tanta desenvoltura quanto o time brasileiro. Os italianos haviam empatado três partidas na primeira fase e vencido a Argentina por 2 a 1 antes de encarar o Brasil. Mais uma vez os brasileiros se apegaram ao retrospecto das equipes na competição e no excelente futebol jogado pela seleção canarinho para enxergar a partida como mais uma das formalidades que atrasavam o Brasil da taça.

No entanto, faltou dizer ao atacante italiano Paolo Rossi que o jogo era apenas um "evento protocolar". O camisa número 20 da Azzurra transformou o sonho brasileiro em pesadelo, referenciado depois como "Tragédia do Sarriá". Rossi marcou três vezes naquele jogo contra a baliza de Waldir Peres - aos 5 minutos da etapa inicial, aos 25 minutos ainda do primeiro tempo após Sócrates ter empatado o jogo, e aos 29 minutos da segunda etapa, ao desempatar a partida até então igualada por Falcão um pouco antes. 

O saldo final foi de um 3 a 2 amargo nos corações dos brasileiros, aqueles que sentavam em frente à televisão para torcer por um dos mais encantadores times que o Brasil já teve em Copas do Mundo. Graças a um jogador chamado Paolo Rossi, crianças choraram, adultos ficaram desalentados e o tetracampeonato brasileiro só viria doze anos depois, nos Estados Unidos. 

#5 - MÁQUINA DE GOLS LUSITANA
Lionel Messi é um dos maiores jogadores de todos os tempos, e tal afirmação está se tornando redundante cada vez mais com o passar dos anos. O gênio argentino já coleciona dezenas de troféus coletivos, outros tantos prêmios individuais - entre eles cinco bolas de ouro - e atuações de encher os olhos dos mais céticos torcedores ao redor do planeta-bola. Messi é a síntese do futebol bem jogado, plasticidade técnica, eficiência e fator decisão. Todos os componentes em um único atleta, características que parecem evoluir exponencialmente a cada temporada.

Messi, no entanto, precisa dividir os holofotes do mundo futebolístico com outro gigante do esporte, um craque português e com espírito tão competitivo que muitas vezes deixou o baixinho argentino para trás em torneios e prêmios individuais. Cristiano Ronaldo ao longo da carreira se tornou a antítese do que é Lionel Messi. O argentino é mais contido, enquanto o gajo facilmente demonstra descontração; Messi é ídolo do Barcelona, enquanto CR7 é referência do Real Madrid; o camisa número 10 do Barça é patrocinado pela Adidas, já Cristiano Ronaldo é garoto-propaganda da Nike. São inúmeras distinções entre os dois jogadores que polarizaram a disputa pelo prêmio de melhor jogador do mundo durante uma década. Também se alternam constantemente em artilharias de campeonatos, ao receber chuteiras de ouro pelos feitos na Europa, e se constroem como antônimos quase perfeitos. 

O ponto em comum, talvez, é que Messi e Cristiano Ronaldo dependem diretamente um do outro para elevarem seu potencial. Simultaneamente, alcançam números no esporte aparentemente inatingíveis por humanos, e competem constantemente, seja ao disputar mais um título europeu ou na preferência de amantes do futebol. Cristiano é o rival perfeito de Messi e vice-versa, afinal, todo mocinho também tem seu lado anti-herói às vezes.  


Rudiney Freitas