50 Tons de Cinza, o filme e o livro A temperatura morna do filme tira o charme erótico do livro e não impressiona homem nenhum, só os seminaristas! gplus
   

50 Tons de Cinza, o filme e o livro

A temperatura morna do filme tira o charme erótico do livro e não impressiona homem nenhum, só os seminaristas!

Confira Também

Aconteceu com 50 Tons de Cinza o que acontece com a maioria das adaptações de livros ao cinema, o filme é menos charmoso que o livro. Se tratando de um best-seller que criou uma nova fatia de mercado carinhosamente chamada de “mommy porn” - pornô para mamães -, 50 Tons de Cinza estimulou uma nova safra de consumidoras a descobrir o erotismo e a pornografia. 

O filme surgiu com a premissa de tornar real toda a experiência que as leitoras tiveram ao ler o livro, o que por si só é algo perigoso, embora os acontecimentos sejam bem narrados na literatura, cada leitor tem o direito de criar suas próprias versões dos fatos e encarnar no personagem aquilo que deseja. Talvez esta tenha sido a fórmula do sucesso, uma história à lá Crepúsculo com um toque de erotismo e o sadomasoquismo como a cereja do bolo. Um livro sem dúvida feito de mulher para mulher

Quanto ao filme existia uma grande “tensão” referente ao que Hollywood faria, mesmo com E.L. James (a autora) como produtora também - nota-se o toque dela na obra - um grande desconforto em abordar assuntos tratados no livro em um blockbuster (não à toa o trailer foi o mais visto ano passado, superando Vingadores 2 e Star Wars). E bem, mesmo surpreendendo Hollywood ainda foi um tanto conservador. 

Contudo, o que ficou mais evidente é que o filme tem um cuidado com o público masculino, eu tive a ligeira impressão de que pensou-se também no namorado que iria ao cinema acompanhar sua parceira, e que muito provavelmente pensou que brincar de roleta russa fosse algo menos perigoso. O filme não foi feito para homens, ele não faz milagre, mas é possível entreter, diferente do livro que é o equivalente a uma sentença de morte para nós. 

No fim, o filme é morno, ele não conseguiu trazer ao público feminino o calor que o livro trouxe, mas mesmo assim tem seus momentos e consegue ser ousado para os padrões hollywoodianos. Principalmente nas cenas de sexo - comportado, diga-se de passagem - onde até rola um nu frontal da belíssima Dakota Johnson. Mas não espere nada ousado e surpreendente como o que Paul Thomas Anderson fez em Boogie Nights. 


Marcel Costa