Adeus ao carro próprio Compartilhamento de carros, saiba mais sobre este serviço que chega para mudar a vida no trânsito das capitais. gplus
   

Adeus ao carro próprio

Compartilhamento de carros, saiba mais sobre este serviço que chega para mudar a vida no trânsito das capitais.

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Car sharing, você já ouviu falar? Popular principalmente na Europa e Estados Unidos, esta nova prática desembarca no Brasil com o intuito de revolucionar o mercado de carros do país. Entretanto, pouco se sabe sobre esta tendência, suas vantagens e até onde ela pode contribuir para melhorar o trânsito e a qualidade de vida nas grandes cidades brasileiras. 

Segundo seus idealizadores, a proposta da nova técnica é facilitar ainda mais a vida das pessoas. Em uma metrópole como São Paulo, carente de transporte público e com um dos piores índices de congestionamento do mundo, saídas para evitar o caos são cada vez mais requisitadas. O car sharing se encaixa perfeitamente nesta proposta, já que seu objetivo é oferecer o carro para quem realmente necessita usar. Trocando em miúdos, quem precisa ir ao trabalho, ou até mesmo participar de uma reunião importante pode deixar seu veículo em casa e contratar este serviço.

A Zazcar (www.zazcar.com.br), primeira empresa do ramo na América Latina, atua no Brasil desde julho de 2009 e conta com cerca de 350 clientes, que se revezam em um dos 14 veículos da frota. Para alugar um carro, o interessado realiza cadastro pelo site oficial da companhia ou por telefone e recebe em casa um cartão fidelidade. A partir daí, é só escolher um dos postos de atendimento e sair dirigindo. Por enquanto os carros podem ser encontrados apenas em sete pontos na capital paulista, localizados perto de estações do metrô na região da Paulista (Clínicas, Consolação, Trianon-Masp e Brigadeiro) ou nos bairros da Vila Olímpia, Moema e Itaim Bibi. Os modelos à disposição dos clientes são Fox, Punto, Siena e Civic, que podem ser alugados a qualquer hora do dia ou semana. Em via de comparação, na Europa, onde o serviço já está estabelecido, o número de usuários ultrapassou a marca de 1 milhão de pessoas, sendo que um único veículo chega a atender até 20 clientes por dia.

- Como funciona: Os interessados em usufruir do serviço podem se cadastrar no site da empresa e escolher entre os modelos em um dos pontos de atendimento. Havendo disponibilidade, é só se dirigir até o local e pegar o veículo.

- Quem pode alugar: Os carros só podem ser liberados para os maiores de 21 anos, que possuam cartão de crédito e carteira de motorista pelo menos há dois anos.

- Quanto custa: A Zazcar, por exemplo, oferece duas alternativas aos clientes. A primeira é o Plano Fácil, sugerido para quem não vai usar o veículo com frequência, o valor é cobrado por hora (R$19,90). O Plano Flex é para os que precisam do carro com maior frequência, nele existe a opção de pagar entre R$15,00 e R$45,00 por mês. O cliente tem a sua disposição 100 km e desembolsa 45 centavos para cada quilômetro excedente. Em ambos os casos, combustível e seguro estão inclusos.

- Plano empresa: Os executivos também são alvos da Zazcar. Para participar, o dono da companhia deve cadastrar os funcionários que vão usar os veículos (são feitas as mesmas exigências que para um condutor normal) e pagar R$20,00 pelo motorista e R$60,00 pela empresa.

Segundo os usuários, um dos atrativos para quem usa o serviço são fatores como preço, impostos (já que o cliente não precisa se preocupar com IPVA e outras taxas) e principalmente a praticidade.

Melhorando o trânsito

Não é novidade para ninguém que quanto mais o tempo passa, maior é o sofrimento das grandes cidades em função do aumento do número de veículos nas ruas. Metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro já não conseguem atender a crescente demanda de carros. É aí que o car sharing entra como mais uma tentativa de melhorar a vida das pessoas. Como dito nesta reportagem, ele é uma alternativa prática de substituir o uso do veículo próprio.

De acordo com dados do Denatran, nos últimos 10 anos a frota de veículos nas cidades brasileiras cresceu 119%, ou seja, mais de 35 milhões de novos carros chegaram às ruas. São Paulo e o Rio de Janeiro lideram o ranking, a capital paulista abriga mais de 6 milhões de carros, já o Rio conta com uma frota de pouco mais de 2 milhões.

Segundo Celso Alves Mariano, Diretor de Conteúdo do Tecnodata Educacional, um dos principais projetos de educação no trânsito do Brasil, diminuir o número de carros terá efeito positivo em muitos níveis, como para a preservação do meio ambiente, por exemplo. “Há vários bons motivos para esta opção: ambientais, de infraestrutura, economia e de segurança. Quanto mais pessoas utilizarem o transporte coletivo, menos poluição, menos stress, mais agilidade, mais conforto e menor preço.”

Sobre o compartilhamento de carros, o Engenheiro e Professor de Engenharia de Tráfego Urbano do Mackenzie João Cucci Neto acredita que as prefeituras deveriam investir mais nesta área. “Eu imagino que esse serviço poderia ser gratuito, pois as prefeituras têm interesse em reduzir o número de veículos em circulação. Porém, é necessária uma divulgação ampla para mostrar suas vantagens e destacar que essa seria uma opção a mais entre os modos de transporte disponíveis”, enfatiza.

Celso Alves Mariano garante que para uma melhora substancial seja sentida, é preciso modificar alguns padrões adotados pelas pessoas. “Há o agravante de precisarmos também, no caso brasileiro, de uma mudança de valores, pois "amamos" automóveis e até mesmo nos consideramos inferiores se não os tivermos. Portanto, para chegarmos lá, há que se tomar sérias e difíceis decisões, bolar estratégias inteligentes e eficazes, investir o que for necessário.”.

Procurada para falar sobre o tema a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), por meio de sua assessoria afirmou que está trabalhando em soluções para melhorar o trânsito.  Projetos como o Carona e o Faixa Solidária e a implantação de faixas reversíveis nos horários de pico, segundo a CET são medidas que contribuem para a avanço da situação.

Por ser um serviço recente, o compartilhamento de veículos ainda não pode ser considerado como a solução definitiva para os problemas causados pelo trânsito, porém ele desponta como uma boa alternativa para quem reside ou trabalha nos centros das cidades, precisa cumprir obrigações e não quer saber mais de ter carro próprio.