O preconceito com a visita ao urologista Brasileiros se dizem muito preocupados com problemas urológicos, mas não têm consciência e maturidade para buscar um especialista gplus
   

O preconceito com a visita ao urologista

Brasileiros se dizem muito preocupados com problemas urológicos, mas não têm consciência e maturidade para buscar um especialista

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Nós, homens brasileiros, somos seres muito complexos mesmo. Ao mesmo tempo em que declaramos que nosso maior temor de vida é ficar impotente (empatado com o receio de perder o emprego e significativamente à frente de preocupações como assaltos, ficarmos doente, sofrermos acidentes, ficarmos sozinho ou mesmo não conseguirmos pagar dívidas), não frequentamos o consultório de um médico urologista. Estes são dados de uma pesquisa desenvolvida e publicada já há algum tempo, em meados de 2014, pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) – pontuando que 51% dos homens entrevistados não vão ao urologista com (mínima) regularidade. 

Claro que como integrante do sexo masculino tupiniquim sinto na alma todo o desconforto deste tipo de consulta médica: nós nascemos e somos criados, na grande maioria dos casos, para mostrar nossos “países baixos” para as mulheres, JAMAIS deixar que um homem toque no nosso “amigão”. E aí, já sabendo da dificuldade de encontrar uma mulher naquele velho livrinho de médicos de nosso plano de saúde na especialidade Urologia, temos mais um forte argumento (ademais do desleixo e despreocupações com a saúde inerentes de nós, ogros) para seguir nos ausentando destas importantes consultas. (Curiosidade: aquela nossa sensação de que não existe mulher urologista no Brasil tem uma boa dose de verdade, como pude ver em um levantamento, ainda que antigo, da mesma SBU.

Estatísticas à parte, e num lampejo de consciência com os anos que vão passando, decidi “sair da fila” de mais 17 anos sem consultar este tipo de especialista médico. Repentinamente, me veio aquela preocupação: será que está tudo bem?, já pus duas filhas no mundo mas..., e todas aqueles anabolizantes que usei no passado, será que vão mesmo me prejudicar no presente/futuro? E lá fui eu começar a resolver esta “encanação”.

O primeiro obstáculo: fazia tanto tempo que não ia a um urologista que nem me lembrava do nome, quanto mais do telefone ou endereço, do profissional que havia ido antes dos meus 20 anos de idade. E sabemos: este não é o tipo de indicação que temos o costume de pegar com os camaradas com a mesma naturalidade que pedimos dicas de filmes, aplicativos pra celular ou mesmo modelo de carro. Solução? Pedir ajuda pra esposa. Funcionou. Ela veio com uma sugestão de um especialista que havia cuidado de uma amiga do trabalho. “Juntei os cacos” e lá fui eu.

Já na recepção, me senti numa propaganda de tratamento para impotência: parecia que todos (homens e mulheres) ali presentes me olhavam e pensavam “Mais um pra triste estatística”. Passei a maior parte do tempo de espera com a cara enterrada no celular, como um criminoso que não quer ser identificado por um alcaguete. “Sr. Rodrigo” – chamou a recepcionista – “pode entrar”.

Nos poucos passos que separavam a recepção da sala do doutor fui de cabeça baixa, pensei diversas vezes em dar marcha atrás e veio à tona todo aquele desconforto a que me referi antes. Mas era tarde. Hora de encarar.

O mais engraçado, nestas ocasiões, é como “começar o papo”. Menos mal que se tratava de um profissional experiente que sentiu, de cara, toda minha falta de tato misturada com vergonha. Eu só queria saber se estava “tudo bem”. Um “overview”.

E aí, meu caro amigo, todos aqueles mitos que nutrimos em nossas cabeças doentias vão embora: a consulta, como não poderia deixar de ser, se desenrola de forma absolutamente profissional. 

Estava, felizmente, “tudo certo” com meu “amigo” e, sem falso trocadilho, era “bola pra frente”.

O médico aproveitou para me alertar: até os 40 ou 45 anos não precisa se preocupar em ter consultas “de rotina” com um urologista. Porém, após esta idade, saiba que pelos menos anualmente vamos nos ver.

Recado digerido! E saí com a consciência limpa de que fiz o melhor pela minha saúde de Homem.  Obviamente não vou ficar “contando os dias” para passar a fazer parte do grupo que tem que manter um cuidado mais regular e estrito; mas, sinceramente, encararei de forma muito mais natural quando este momento chegar.


Rodrigo Moreno