Velocidade: prazer de macho Entenda porque os homens gostam tanto de correr de carro ou nos esportes e como condicionar o impulso a atividades seguras gplus
   

Velocidade: prazer de macho

Entenda porque os homens gostam tanto de correr de carro ou nos esportes e como condicionar o impulso a atividades seguras

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Que atire a primeira pedra o homem que nunca excedeu a velocidade numa estrada provocativa. Apesar de não recomendarmos ou incentivarmos a imprudência de ultrapassar os limites de velocidade no trânsito, reconhecemos que o desejo existe de forma latente em boa parte dos homens. Mas isso não quer dizer que não há também mulheres vidradas em esportes radicais que envolvem adrenalina, embora boa parte delas não encontre prazer ao se expor a riscos.

A aventura, a exploração do novo e a diversão correspondem à curiosidade que o ser humano desenvolve desde a infância, e leva pouco tempo até que os meninos sejam seduzidos pela sensação de poder. “Com este processo de experimentação, o cérebro aprende e desenvolve uma circuitaria para autopreservação do indivíduo. Por exemplo, você aprende que encostar a mão numa panela quente provoca queimadura e dor; então você não repete a proeza para não se machucar.O fato de experimentar o perigo e desenvolver a agilidade para lidar com a velocidade, sem se machucar, é um desafio de aprendizagem e excitação, que é alimentada por uma descarga de adrenalina pelas glândulas suprarrenais na corrente sanguínea e no sistema nervoso; deixando o indivíduo mais alerta, potente e com sensação de mais poder físico”, explica o neurocirurgião Dr. Fernando Gomes Pinto, membro titular da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN).

Para ele, assim como em qualquer comportamento que provoque a sensação pessoal de bem estar, a velocidade também é passível de vício. Ela provoca no indivíduo uma descarga adrenérgica (sobre os receptores presentes nos tecidos do corpo humano), a pressão arterial se eleva, os batimentos cardíacos aumentam, as pupilas dilatam e o corpo fica preparado para uma situação de fuga ou luta. Ou seja, a velocidade amplia nossa sensação de alerta e de desempenho físico - não é surpreendente que chame mais a atenção dos homens.

A diferença entre viciar numa substância produzida pelo próprio corpo e uma droga ilegal é que a primeira situação não envolve risco de overdose. “Porém, se tratando de risco e velocidade, a exposição ao perigo pode ter que ser cada vez maior para se atingir a mesma sensação prazerosa e, com isso, aumenta-se a chance de ocorrer um acidente”, salienta Gomes Pinto.

Na grande maioria das mulheres, o medo e a excitação causada pela sensação da imprudência (velocidade), não é prazerosa.  Isso porque a circuitaria neural e o centro do prazer geralmente não é ativado nesta situação. Segundo o neurologista, “a mulher se arrisca menos fisicamente: dados epidemiológicos sobre acidentes e politraumas apontam universalmente homens entre 20-40 anos de idade como a faixa da população com a maior porcentagem de sequelas e mortes por trauma em acidentes”.

Gomes Pinto chama a atenção para os abusos nas rodovias, pois defende a importância de  se compreender o porquê da busca por situações extremas para se ter a sensação de prazer (sensação de recompensa positiva). Quanto ao impulso masculino, o profissional recomenda desenvolver “o gerenciamento de seus próprios pensamentos e não estimular nem manter este padrão de comportamento. A prática de esportes seguros mas excitantes ou exaustivos pode provocar sensações semelhantes, mas sem riscos para a vida. A liberação de endorfinas provocam a sensação de bem estar”, recomenda o neurologista.

Lembre-se que trânsito não é GP e as ruas não são pista! Parafraseando Nelson Piquet: “Medo faz parte do jogo, mas o trânsito no Brasil é muito mais fatal do que um circuito de Fórmula-1”.