Homem não se decepciona? Um pouco sobre nossas reações Costuma-se dizer que o homem é sempre racional, frio e calculista, com um ar quase blasé diante de decepções. Eu fujo deste modelo gplus
   

Homem não se decepciona? Um pouco sobre nossas reações

Costuma-se dizer que o homem é sempre racional, frio e calculista, com um ar quase blasé diante de decepções. Eu fujo deste modelo

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Ontem tive um dia que não deixará saudades. Daqueles que, como gostamos de dizer, “(não) contarei aos meus netos”. 

Logo cedo, em um lapso de não mais do que duas horas, duas DECEPÇÕES. Sim, destas em caixa alta, c cedilha e til. 

Talvez pelo resultado acumulado do ano, um 2015 que não tem sido nada fácil, meus primeiros impulsos foram de reproduzir o que geralmente fazia quando criança: desferir um belo pontapé no “adversário” (que hoje seria mais bem definido como “situação adversa”) ou mesmo lançar uma bela cusparada no “inimigo”. Obviamente, o ego (ou a maturidade) me freou.

Essas pré-reações fizeram também lembrar minha mãe que, nos bons tempos em que jogava futebol mais do que bebia copos d’água, reforçava instantes antes das partidas: “Se tomar gol (sim, era goleiro por opção), não arranque as traves...” (nossas mães realmente nos conhecem como ninguém!).

Não que algum dia em minha vida possa ter sido comparado ao piloto Kimi Raikonnen, aquele que atende pela alcunha de Homem de Gelo (pra quem não tem a menor ideia do que estou falando, pode acessar aqui). Mas quando a poeira baixou e a pressão arterial voltou aos 12 por 8, pensei em como, geralmente, se espera dos homens uma racionalidade tão exacerbada em situações adversas que beira a indiferença, o ar blasé.

Embora não sejamos tachados de sexo frágil, temos sim uma boa dose de fragilidade. E, com isso, a reação masculina diante de decepções pode facilmente ser algo intempestivo, passional, irracional, irrascível.

Vira e mexe me recordo do filme Um Dia de Fúria (para refrescar a memória, dê uma olhadinha neste trecho), sucesso no início dos anos 90 com o ator Michael Douglas. Nela, um homem normal, absolutamente medíocre na essência da palavra, ilustra como podemos romper com a racionalidade em momentos de dificuldade, de decepção. Fosse o filme estrelado por uma representante do sexo feminino, provavelmente diríamos – com boa dose de machismo – que se tratou de uma crise pré-menstrual, ou mais uma histeria superficial das mulheres. Mas não: o mostra como nós, homens, também somos suscetíveis a reações destemperadas, explosivas. Como também balançamos quando enfrentamos momentos críticos e complexos. E, mui honestamente, não vejo nada demais nisso. É comum nos decepcionarmos. E dá para reagir sem parecer uma verdadeira estátua de cera. Mas talvez exista aí uma característica dos homens: se desmanchar por dentro para não externar qualquer reação não-racional.

Sou mais dos “pontapés” e “cusparadas”... 


Rodrigo Moreno