Transar com várias não vai resolver sua vida Pare pra pensar por que você faz isso sem parar... A busca por glória e macheza não tem finalidade nenhuma gplus
   

Transar com várias não vai resolver sua vida

Pare pra pensar por que você faz isso sem parar... A busca por glória e macheza não tem finalidade nenhuma

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Muito frequentemente eu escuto dos amigos o número que eles “faturaram” na noitada. Parece um jogo animado ao qual a gente tá muito bem acostumado: ganha aquele com o maior número, não importa os atributos, não importa as características, não importa a história envolvida e parece que os nomes importam menos ainda. O vencedor é o macho alfa do grupo e a recompensa é ser invejado e ovacionado pelos outros amigos. Reconhece a cena? Pois é, é uma das coisas mais comuns - e sem sentido - do nosso breve universo masculino.

O cara mediano de hoje se importa mais com a ideia de que deve sair pra caçar na noitada do que com outra coisa. Não tiro o meu da reta: eu também tenho meus momentos de agir assim, feito um louco desgovernado que só quer comer alguém um dia, sem nem precisar saber do nome. O problema é que isso me incomoda muito e eu parei pra pensar nos motivos pelos quais a gente faz isso. Ora, se todo mundo faz, deve haver um motivo e um objetivo pra que a raça de homens que eu conheço - e que talvez você também conheça - faça isso.

Mas não existe. Não existe motivo além do prêmio simbólico de se sentir mais viril, mais macho, mais desejado. Se sentir querido e reconhecido pelos amigos como o “garanhão” da turma. Vem de berço isso, meu pai sempre me disse que eu tinha que “passar a rola” em todo mundo. Provavelmente os pais e os avôs e os bisavós dos meus amigos também tenham dito o mesmo. E a gente seguiu isso sem pensar no por que, só seguiu. No fim, somos um bando de homens desorientados seguindo outros homens desorientados que não entenderam ainda que não há prêmio nenhum em tentar pegar trocentas pessoas numa balada e levar o maior número delas pra cama. Até existe: o prazer sexual que uma quantidade elevada de parcerias pode proporcionar. Mas não é nada muito diferente do prazer que uma única pessoa pode proporcionar.

Pensando nisso, revi meus episódios de solteirão convicto e percebi que essa busca por glória e macheza não tem finalidade nenhuma. É um jogo bobo feito por homens para substituir o vazio dos sábados de ressaca numa cama vazia. É pra alimentar um ego que vem dos seus ancestrais e parece se perpetuar porque, infelizmente, a gente ainda nasce numa sociedade que aplaude o machismo com Felicianos e Bolsonaros dizendo que o bacana é ser macho pra caramba, que o bacana é “passar a rola” em geral. Mas e o domingo? E a quarta-feira de noite? E o filme (mesmo aquele de ação) que você quer ver e não tem graça em assistir com um amigo? Essas coisas apontam pra algo que falta quando a gente escolhe essa vida de ter um milhão de pessoas por dia passando por nós: a falta de companhia.

Parece clichê e moralista o meu papo? Parece. Mas é só pensar bem. O que você ganha além do sexo e da fama de pegador? Nada. Falta intimidade, falta tempo pra se aprofundar em alguém, falta algo que recheie os seus dias que precisam de algo além de sexo porque, ao contrário do que muita gente pensa, homem também tem um monte de necessidades emocionais que precisam ser preenchidas no dia a dia. E se duvida de mim, pergunte a um psicólogo, caro amigo. Falta um monte de coisa que a gente não admite que falta e segue compulsivamente nessa busca desenfreada por beijar a maior quantidade de bocas e levar o maior número possível para cama, pra contar pros amigos no dia seguinte, pra dar uma elevada num ego que só é baixo porque a gente não entendeu ainda que não é ele que a gente precisa preencher. É outro tipo de vazio que precisa de atenção.


Daniel Bovolento