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De pijama, Pixinguinha ganhará estátua em bar que frequentava no Rio

30/08/2016 00:00

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Enquanto morou no bairro de Ramos, na Zona Norte do Rio de Janeiro, o maestro Pixinguinha gastava parte do seu tempo no bar próximo da sua casa, na esquina das ruas Custódio Nunes e João Silva. Ali, onde criou e viveu entre garrafas de cerveja preta, pinga, tremoços e amigos, o compositor ganhará uma justa e póstuma homenagem. Até o fim do mês, uma estátua do mestre do choro vai ocupar uma cadeira na calçada do Bar da Portuguesa.

Isso hoje, porque na época em que Pixinguinha o frequentava, estabelecimento era só mais um pé-sujo da região. “Era bar, armazém e armarinho, tudo no mesmo lugar, e só vendia ovo colorido e linguiça frita”, conta dona Donzília Gomes, a portuguesa de Trás-os-Montes que dá nome ao botequim, que comanda desde a morte do marido, há 26 anos. Responsável por colocar o bar no roteiro gastronômico carioca, ela agora aguarda ansiosa pela realização do outro sonho, de levar o autor de “Carinhoso” de volta ao subúrbio de Ramos.

“Sonho com isso há muito tempo. Há uns 20 anos, me cobraram R$ 35 mil por um busto, mas era muito dinheiro, não tive como fazer”, conta ela, que responde pelos já célebres bolinhos de bacalhau e pastéis de camarão, entre outras estrelas da sua cozinha. Recentemente, enfim, dona Donzília viu a ideia ganhar corpo, literalmente, com a ajuda da Prefeitura. Quem assina a obra é o cartunista Ique, que está na fase final do trabalho.

Ponto de peregrinação musical

Apesar da admiração, Donzília não conheceu Pixinguinha. Quando passou a trabalhar no bar, o maestro já havia “cantado para subir”. Mas o ex-marido, Alfredo Gomes, já falecido, que comprou o estabelecimento no início dos anos 70, teve tempo de servir muita pinga e tremoços ao compositor, morto em 17 de fevereiro de 1973. E foi desse tempo que a portuguesa ouviu as saborosas e românticas histórias sobre o mais musical dos clientes.

Uma foto de Pixinguinha, tirada no mesmo local e exposta na parede do bar, serviu de base para a estátua. Nela, o compositor aparece sentado a mesa, acompanhado da esposa, Beti, a cerveja e vestido de pijama, bem à vontade. Também pudera: o bar fica a poucos metros da travessa onde morava, hoje batizada rua Pixinguinha.

Foto de Pixinguinha com a esposa Beti no bar, então do seu AlfredoFoto de Pixinguinha com a esposa Beti no bar, então do seu Alfredo - Reprodução/Facebook


A casa ainda existe. A atual dona, hoje, se “pedir com jeitinho”, como aconselha Donzília, talvez permita uma breve visita. Antigamente, porém, a proprietária mantinha os curiosos bem longe da residência. Sobrou a “segunda casa” de Pixinguinha, justamente o bar, que passou a receber uma espécie de peregrinação musical, com direito a choro, samba e todos os outros estilos do compositor. A cena deve se repetir na inauguração da estátua, em data a ser definida.

Com a nova atração, dona Donzília já imagina que a frequência do bar, que já não é pouca, deve aumentar. “Vai virar um ponto turístico”, prevê, animada.

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