gplus
   

Grupo voluntário dedica tempo e atenção a moradores de rua em SP

30/07/2016 00:00

Confira Também

Convivência amigável, visibilidade, conversas, histórias e sorrisos. Esse é o espírito do grupo voluntário Entrega por SP, que se reúne pelo menos uma vez no mês para encontrar os moradores de rua da capital paulista.

Funciona assim: cerca de 150 voluntários se encontram em frente ao Estádio do Pacaembu, na Zona Oeste da cidade, para organizar os kits de higiene, lanches e roupas para doação. Depois, eles se dividem em grupos que saem pelas ruas seguindo rotas já estabelecidas. Em uma espécie de comboio, os carros param e os voluntários descem para entregar as doações e bater um papo com as pessoas que vivem nas ruas.

"Só neste último ano [2015], mais de 12,5 mil kits de higiene foram entregues. Mais de 20 mil sanduíches. Quase 2,5 mil pessoas envolvidas (em ações e eventos). Mais de 15 mil sorrisos arrancados", explica um dos coordenadores do projeto social, Luiz Felipe Fogaça, mais conhecido como "Bolão". "Atualmente saímos com mais de 1,2 mil kits, para nove rotas da cidade [Minhocão, Brigadeiro, Nove de julho, Zona Sul, Zona Leste, Centro, Lapa, Barra Funda e Zona Norte] e com cerca de 150 pessoas", completa. 

Para Bolão, o projeto vai além da ação voluntária e estimula não só a visibilidade como o diálogo com quem vive nas ruas. "Você passa a se importar com quem está do seu lado, com moradores do seu bairro, com sua família, porteiro, empregada, funcionários da sua empresa. É um ciclo do bem", afirma.

Mais sorrisos

Luiz explica que, após muitos diálogos, o grupo percebeu que nenhum outro projeto doava escovas de dente, pastas e água, e daí surgiu um "símbolo" do Entrega por SP: compartilhar sorrisos. "São coisas que a rua precisa muito, mas dificilmente seriam comprados pelos próprios moradores de rua. Afinal, o que melhor para simbolizar sorriso do que pasta e escova de dente?" 

Para o grupo, doar esses itens faz com que as pessoas que vivem em situação de rua passem a sorrir e a dialogar. 

O Entrega por SP, inclusive, já ajudou algumas pessoas a saírem das ruas, por mais que não seja a proposta do projeto.

“Tivemos um amigo com 20 e poucos anos que colocamos em contato com a família e ele voltou para casa na véspera do Dia das Mães. Consegue imaginar a felicidade dessa mãe?", diz Bolão.


Confira mais imagens da ação

"Nunca tive um tênis na vida"

Entre tantas histórias emocionantes que o grupo já vivenciou nas noites em São Paulo, Bolão relembra uma em especial, que marcou seus primeiros meses participando do projeto. 

Em uma das rotas que participava, ele encontrou um jovem tímido que estava descalço e ofereceu um tênis. O rapaz experimentou o sapato e serviu. Quando Luiz disse que o tênis seria dele, ele começou a chorar. "Brinquei e disse 'consegui o tênis achando que ia arrancar um sorriso e você começa a chorar? Vou pegar de volta!"

Segundo o coordenador, o jovem enxugou as lágrimas e respondeu indagando "sabe por que eu estou chorando?", após minha resposta negativa, ele explicou: "me chamo Felipe, tenho 26 anos e nunca tive um tênis na vida".

"Nesse momento, pensei que só no meu armário tinha ao menos três pares de tênis, o de correr, de jogar