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Para a internet, o Brasil é um país homofóbico

24/07/2016 00:00

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Uma pesquisa realizada com internautas brasileiros revelou o quão paradoxo é o debate acerca da homofobia no Brasil. Segundo o levantamento, 70% dos internautas entrevistados afirmam que o país é homofóbico. O mesmo percentual, porém, nega ser homofóbico. 

“Nosso entendimento é de que parte desses 70% não percebem que suas atitudes e comentários são homofóbicos, porque não compreendem o conceito de homofobia”, avalia Felipe Schepers, COO do Opinion Box, uma das empresas responsáveis pela pesquisa. 

Apenas 14% dos entrevistados disseram ser homofóbicos. A pesquisa, no entanto, que levou em conta palavras-chave em publicações em redes sociais, revelou que 49% dos posts tinham termos considerados homofóbicos. 

“Nos surpreendemos com os dados que essas redes nos mostraram", afirma Luiz Temponi, co-fundador da Hekima, outra empresa que participou da apuração. 

"Em geral, utilizamos ferramentas de coleta e análise de dados para inteligência de negócio. Contudo, essas ferramentas também podem e devem ser levadas ao âmbito social, e suas aplicações utilizadas para compreender o discurso coletivo acerca de diferentes temas, como a homofobia."

Mais intolerância nas redes sociais 

Como a pesquisa foi realizada com duas linhas diferentes – entrevista e análise de postagens – foi possível encontrar resultados conflitantes. Ficou claro, por exemplo, que os internautas tendem a serem mais intolerantes nas redes sociais e apresentam um comportamento diferente quando entrevistados. 

“O questionário faz o respondente refletir sobre o assunto, o que aumenta a probabilidade de as pessoas darem respostas socialmente desejáveis, mas que não vão de encontro às suas reais opiniões, enquanto as redes sociais se caracterizam por ser um ambiente em que a espontaneidade prevalece”, explica Felipe Schepers, do Opinion Box. 

O levantamento deu como exemplo desta conclusão o caso do professor de pré-cursinho de vestibular Jonathan Chasko, que se vestiu de drag queen em uma aula de português no Paraná. O Portal da Band publicou uma entrevista com Jonathan, e a reação dos internautas valida a pesquisa: muitos não pouparam críticas ao professor. 

Na análise de posts feita pela pesquisa, mais de 90% dos comentários condenavam o fato. Quando entrevistados, porém, 64% dos internautas responderam que se sentiriam confortáveis caso descobrissem que o professor de seu filho é homossexual. 

grafico jonathan

“Os estudos, portanto, se complementam e confirmam que o Brasil é um país em que parte significativa da população é homofóbica”, acrescenta Schepers.

Outros resultados 

A consulta aponta ainda que, em relação aos homossexuais, mulheres e jovens tendem a ser mais tolerantes, enquanto homens e pessoas mais velhas menos. Nas redes sociais, isso se confirma: 55% das mulheres escreveram comentários que não foram considerados homofóbicos, enquanto que apenas 40% dos homens fizeram o mesmo. 

A pesquisa também questionou seus entrevistados a respeito da criminalização da homofobia. Para 59% deles, a homofobia deveria ser crim