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Aspirante à cineasta, refugiada dirige curta-metragem no Brasil

26/06/2016 00:00

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A sensação de sentir-se como um peixe fora d’água é universal, talvez seja por isso que o curta-metragem Fingers seja tão encantador. Nas imagens, um garoto de cinco anos tenta entender o mundo estranho ao seu redor, captando os movimentos das mãos e dos dedos das pessoas que o rodeiam. 

Foi mais ou menos assim que a diretora do filme, a refugiada palestina Rawa Alsagheer, de 20 anos, se sentiu quando chegou a São Paulo há cerca de um ano. Rawa viveu em Homs, na Síria, até os 18 anos. Quando a guerra civil teve início em seu país, ela precisou fugir para a Turquia, onde viveu ilegalmente junto com a família. 

“Na internet, começamos a pesquisar sobre países em que pudéssemos viver. Foi aí que ficamos sabendo do Brasil, que recebe refugiados palestinos sírios”, contou a aspirante à cineasta em conversa com o Portal da Band

Rawa AlsagheerRawa Alsagheer (Foto: Arquivo pessoal)

A paixão pelo cinema ela conta que veio de seu cunhado, que trabalha na área. “Ele que me puxou e me levou a um workshop sobre direção de curta-metragem porque ele sabia que eu gostava muito disso.” 

Apesar da pouca experiência em audiovisual, a jovem impressiona com seu olhar delicado e poético para as primeiras percepções da criança protagonista, vivida pelo ator Taim Tanji, também refugiado palestino.

“A ideia de Fingers veio de um amigo meu da Jordânia chamado Ahmed Shaman”, detalha. “Para mim, a história fala de uma realidade que toda criança vive; adorei a proposta e resolvi, então, filmar.” 

O roteiro também atraiu Rawa devido às dificuldades que teve ao chegar ao Brasil e descobrir um país totalmente novo e desconhecido. “Tudo é diferente e há também a barreira da língua”, explica a jovem, que concedeu a entrevista em inglês. “Ainda assim, eu trabalho duro para me adaptar e me integrar à sociedade brasileira, que me recebe bem, uma vez que o país possui muitas culturas e é bem receptivo.” 

O sonho da refugiada palestina é estudar muito e, claro, trilhar carreira no cinema. “Espero alcançar esses meus objetivos aqui no Brasil. Seguindo carreira como cineasta, espero ainda defender a Palestina e os direitos dos palestinos de voltarem a morar lá”, acrescentou a cineasta, cujo desejo pode ter sua representação artística nas cenas finais de sua obra de estreia. 

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