O Ministério Público do Rio de Janeiro vai analisar o pedido de troca de delegado feito pela defesa da jovem de 16 anos que denunciou ter sido estuprada por mais de 30 homens.
Segundo a advogada da adolescente, Eloísa Samy Santiago, o delegado Alessandro Thiers, titular da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), perguntou à vítima se ela tinha por hábito participar de sexo em grupo.
A advogada afirmou que está tentando contato com a Promotoria da Infância e da Juventude e não descarta outros meios de representar contra o delegado. “O depoimento teria sido muito mais produtivo sem ele”, disse. Procurada, a Polícia Civil ainda não se manifestou sobre o caso.
A defesa também vai fazer uma representação contra o agente junto à Corregedoria da Polícia Civil.
Entenda o caso
O caso do estupro coletivo ganhou repercussão no Brasil e no mundo. A jovem denunciou que foi dopada e estuprada por mais de 30 homens armados com fuzis e pistolas em uma casa da Favela do Barão, na Praça Seca, zona oeste da cidade.
"Não dói o útero e sim a alma", disse a jovem após ser atacada, em postagem no Facebook. A avó da menina viu o vídeo e se disse chocada com as imagens.
Imagens do crime foram gravadas e compartilhadas na internet. A Polícia Civil já identificou suspeitos de terem cometido o crime: entre eles, dois são suspeitos de terem divulgado as imagens nas redes sociais e outro aparece no vídeo ao lado da garota.
Outro suspeito é o jogador de futebol Lucas Perdomo, que mantinha um relacionamento com a jovem - ela tinha ido visitá-lo quando foi violentada. O atleta, que é atacante do Boavista, time da primeira divisão do Carioca, esteve na noite de sexta-feira (27) na Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI).
O teor do depoimento do esportista não foi divulgado, mas seu advogado negou que ele tenha participado do crime.
Setor especial na PF
O presidente interino Michel Temer informou, através de seu perfil no Twitter, que o governo vai tomar medidas para combater a violência contra a mulher. Entre elas, o Planalto pretende criar um departamento especial na Policia Federal, que vai agrupar informações estaduais e coordenar todas as ações em todo o país.
A presidente afastada Dilma Rousseff também mostrou seu repúdio ao ato, bem como outras autoridades e personalidades.