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Ato relembra tortura com fotos de presas políticas

02/05/2016 00:00

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Imagens de mulheres presas e torturadas na ditadura militar tremulavam em um varal improvisado entre árvores, enquanto jovens recrutas deixavam o 1º Batalhão de Polícia do Exército na manhã desta segunda-feira (2).

Na Rua Barão de Mesquita, no Rio de Janeiro, por onde os jovens saiam, sobreviventes da tortura e feministas fizeram uma instalação em memória das vítimas da violência do regime.

O 1º Batalhão abrigou o Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), centro da tortura no Rio.

O ato também lembrou a morte de Luana Barbosa dos Reis, em abril deste ano, depois de ter sido espancada pela Polícia Militar, em São Paulo. Para as ativistas, a tortura nos dias de hoje é herança da ditadura.

A ação é uma resposta ao deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), que no dia da votação da admissibilidade do impeachment da presidenta Dilma Rousseff na Câmara fez uma saudação ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, um dos maiores torturadores da ditadura militar brasileira.


Bolsonaro vota em memória de torturador da ditadura. Assista:

“A ideia é falar das mulheres perseguidas, torturadas e mortas, justamente para mostrar indignação e fazer um contraponto ao deputado, em memória dessas mulheres e de Luana Barbosa – morta e torturada pela PM de SP”, disse uma das organizadoras do ato, Paola Bettamio, integrante da Marcha Mundial de Mulheres. “Apesar da diferença anacrônica entre a ditadura e o que acontece hoje, a polícia e a tortura são resquícios do mesmo passado”, acrescentou.

O caso de Luana veio a público depois da divulgação de um vídeo gravado pelos familiares em que ela relata socos, pontapés e ameaças assim que foi liberada pela Polícia Militar. Ela morreu cinco dias depois, em decorrência de uma isquemia cerebral causada por traumatismo craniano. Três PMs são investigados sob suspeitas do espancamento.


Tortura no DOI-Codi

Durante o ato, a ex-presa política Ana Bursztyn-Miranda, que foi torturada nos porões 1º Batalhão, quando teve até um jacaré colocado sobre seu corpo nu, disse que as mulheres, no cárcere, ainda são subjugadas e humilhadas, como naquela época. “Os subordinados te xingam o tempo todo, te humilham o tempo todo, é um constrangimento à parte”.

Assim como Ana, a historiadora Dulci Pandolfi foi espancada, recebeu choques elétricos com o corpo preso no pau de arara e também teve um jacaré colocado sobre seu corpo nas instalações do 1º Batalhão. Dulci chegou a ser usada em uma “aula de tortura”.

Para que a violência não seja naturalizada e para se contrapor a homenagem a Ustra, as ativistas leram relatos de torturas, como o da ex-ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, que quase teve a filha de um ano e três meses violentada sob o aval do coronel.

ato contra tortura
A presidente Dilma Rousseff, torturada na ditadura, e Zuzu Angel, morta pelo regime, foram lembradas no ato (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

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