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Especialistas desvendam cinco mitos da ditadura militar no Brasil

21/04/2015 00:00

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Durante os diversos protestos contra o governo Dilma, que invadiram as ruas do Brasil desde março deste ano, muitas pessoas foram vistas segurando cartazes pedindo intervenção militar e até mesmo a volta da ditadura. Mas você sabe o que significa os dois processos e qual a diferença entre eles? 

O historiador Francisco Foureaux esclarece que a intervenção é um ato de interrupção do processo democrático, na qual os militares devem devolver o poder para os civis logo após tomar o governo. Se isso não ocorre, o país entra em uma ditadura militar. “É fundamental ter clareza que, mesmo sendo processos diferentes, uma ditadura militar inicia-se com uma intervenção militar”, esclarece.

Muitas das pessoas que pedem a volta do regime militar costumam comparar o período que o Brasil viveu sob esse sistema - entre 1964 a 1985 - com a época atual. Para eles, naquele período, o Brasil "funcionava" melhor, a educação era de excelente qualidade e não existia corrupção como hoje, por exemplo. Mas especialistas consultados pelo Portal da Band explicam que não era bem assim. 

"A corrupção era menor"

MITO. Segundo o cientista político da PUC (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), Pedro Fassoni, há vários casos de corrupção registrados naquela época, mas não eram divulgados porque as pessoas não tinham liberdade de expressão. Caso divulgassem algo, poderiam ser presas e torturadas. "Hoje, temos o Ministério Público e a Polícia Federal com mais tempo e liberdade para investigar os casos de corrupção", explicou.

Foureaux acrescenta que essa afirmação é um mito resultado da propaganda do regime civil-militar. "A diminuição da atividade investigativa da imprensa e dos órgãos responsáveis, quando os investigados eram apaniguados de 'poderosos' da ditadura, impediu que viessem à tona os inúmeros casos de corrupção do período.”

"A economia do Brasil crescia muito mais"

MITO. Para os especialistas, o Brasil cresceu durante um pequeno período entre a ditadura, conhecido como "milagre econômico", que teve como base o arrocho salarial (diminuição e congelamento de salários) assegurado pela proibição das greves. Quando houve avanços na economia, foi sem distribuição de renda, o que contribuiu para o aumento da desigualdade social. "O resultado da política desenvolvimentista do governo militar foi o agravamento da histórica desigualdade social e de renda no Brasil. Herança que as gerações posteriores a nós ainda também carregarão", explicou o historiador. 

"A economia cresceu como nunca, mas foi dividida como sempre, ou seja, os pobres ficaram mais pobres e os ricos, mais ricos", completou Fassoni.  

Jovem pede intervenção militar
Jovem segura placa pedindo intervenção militar - Bruno Kelly/Reuters

"A educação e a saúde tinham