gplus
   

Rio Tietê não pode salvar SP da crise hídrica, diz professor

01/03/2015 00:00

Confira Também

Há 23 anos, no governo de Luiz Antônio Fleury Filho, São Paulo criou um projeto para despoluir o Rio Tietê, este que é considerado um dos rios mais sujos do país. Desde 1992, já foram investidos nele mais de R$ 4 bilhões com recursos do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e da Caixa Econômica Federal: US$ 2,6 bilhões na primeira fase e US$ 2 bilhões são previstos para serem gastos em sua terceira fase, segundo a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), que executa a limpeza das águas.

Mesmo com o dinheiro gasto, as águas não estão despoluídas. Segundo Jurandyr Luciano Sanches Ross, professor de Geografia da Universidade de São Paulo, não há tempo para o Tietê amenizar a crise hídrica que registrada na capital paulista nos últimos meses.

De acordo com previsões de especialistas, o Sistema Cantareira secará em breve. Júlio Cerqueira César, integrante do Conselho Superior de Meio Ambiente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), em entrevista à Rádio BandNews FM, acredita que isso ocorra em março deste ano. O Cantareira é o principal reservatório da Região Metropolitana de São Paulo: 6,5 milhões de pessoas são abastecidas por ele.

Se a predição acontecer, os substitutos do Cantareira serão o Alto Tietê e o Guarapiranga.

O Sistema Alto Tietê é formado pelos rios Tietê, Claro, Paraitinga, Biritiba, Jundiaí, Grande, Doce, Taiaçupeba-Mirim, Taiaçupeva-Açu e Balainho. O primeiro, que dá nome ao reservatório, possui uma mancha extensa de poluição, o que, em tese, leva a acreditar que o Sistema Cantareira não tem bons substitutos para aliviar a crise hídrica pela qual São Paulo passa.

Segundo Ross, o Tietê só poderia ser despoluído em dez ou 20 anos. “O fator principal de poluição ainda é o não tratamento total dos esgotos domésticos, acrescido dos resíduos lançados diretamente pela população no leito dos córregos e rios da área metropolitana. Também há muito resíduo decorrente de áreas sem infraestrutura urbana adequada. Eles fornecem muita argila e areia fina através da erosão promovida pelas águas pluviais”, diz.

O Projeto de Despoluição do Rio Tietê, que tratou desses problemas em parte, precisa conseguir alcançar o todo: a alta bacia do Rio Tietê, o próprio rio, seus afluentes e seus sub-afluentes. “A questão não é municipal, é estadual”, afirma o professor.

Até agora, nas duas primeiras etapas, segundo a Sabesp, os resultados alcançados foram o transporte de cerca de 12 mil litros por segundo de esgoto para as Estações de Tratamento de Esgotos, a melhoria na qualidade da água na região do Médio Tietê, a redução da carga poluidora no manancial da Billings e a diminuição da mancha de poluição.

Os bilhões gastos diminuíram de 243 km para 71 km a mancha de poluição (a extensão do rio que se encontrava em condição péssima) desde 2010. Um levantamento feito pela Fundação SOS Mata Atl