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Terapia vale mesmo a pena? Saiba como alguém fora da relação pode ajudar a solucionar questões que nem o próprio casal consegue

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Depois do ápice do início, aqueles que estão dentro de um relacionamento amoroso duradouro, principalmente onde o casal divide laços com as famílias, as escovas de dentes e a parcela de um apartamento financiado, costumam enfrentar barreiras inesperadas.

Às vezes tudo começa por causa de dinheiro, outras porque um deles faz "corpo mole", não aguenta mais ela no telefone com a mãe o tempo todo, ou um dia você pode simplesmente acordar e perceber que mesmo com tudo bem, não está "tudo" bem mesmo.

Os mais ousados que gostam de "cutucar onça com vara curta" arriscam sua honra e sanidade em DRs intermináveis, enquanto os mais introspectivos pedem arrego antes de soar o gongo e se transformam em verdadeiras máquinas programadas para pedir desculpas. Porém, por mais dialética que você tenha aprendido nas aulas de filosofia do colegial, poucos de nós sabemos realmente quando é o momento de pedir ajuda. Afinal de contas, imagine o que sua gatinha irá pensar se um dia você sugerir que talvez seja o momento para buscar o auxílio de uma terapeuta de casais?

O reconhecimento recíproco da impossibilidade de resolução de um conflito por parte do casal parece ser o primeiro passo para o equilíbrio na relação. Na verdade, a iniciativa de buscar ajuda num relacionamento realmente é mais natural à mulher. "Posso afirmar que o mais comum é que as mulheres façam contato primeiro. De forma geral os homens tem maior dificuldade em expor-se a um profissional, mas assim que se sentem confortáveis auxiliam muito o trabalho, principalmente pela visão objetiva com que se atentam aos problemas", garante Suely Buriasco, mediadora de conflitos e autora do livro Mediando Conflitos no Relacionamento à Dois (Editora Novo Século). Em sua obra, ela explica quais são os sinais de alerta de um casamento em crise.

"Assim como são a maioria nas terapias individuais, vão ser maioria também na sugestão na terapia de casal", concorda Poema Ribeiro, psicóloga transpessoal especialista em terapia de casais.

Segundo Ribeiro, são tantos os "gatilhos" que podem ser acionados numa discussão corriqueira que quando não trabalhados, acabam dando espaço a  "jogos" prejudiciais dos quais muitos casai se alimentam. "O terapeuta não vai influenciar na solução. Como em todo processo terapêutico, ele vai tentar mostrar o que realmente está ocorrendo alí, muito além dos temas que aparentemente estão sendo trazidos como problemas na relação. Esta é a grande função da terapia de casal – ou mediação – porque não estamos acostumados a ouvir, a gente mal escuta e já está pensando na devolutiva, portanto nem parou para considerar o conteúdo", justifica a psicóloga.

Buriasco apoia esta posição, pois "cada pessoa tem sua maneira de enxergar e se portar diante da mesma situação. Nos atendimentos em consultório, ou nos Fóruns, percebi que os conflitos surgem pela inabilidade em que as duas partes têm em lidar com os diferentes pontos de vida e pela falha na comunicação. A relação à dois é feita de cobranças: eu dou amor e por isso quero ser amado. Mas em se tratando de sentimentos e emoções isso é impossível". 

No entanto, quem está disposto a entrar numa sala com um estranho e dizer abertamente que sua mulher só faz boquete assistindo à novela ou que o desempenho do "meninão" já não está lá aquelas coisas? "A sexualidade ainda é algo difícil de tratar com um 'estranho' mas cada vez mais o tema é explorado pela mídia, o que de alguma maneira, já torna este problema não é tão difícil de abordar. Todo e qualquer tema é difícil, não só a sexualidade: às vezes mentir compulsivamente pode ser muito mais difícil de abordar e reconhecer", sugere Ribeiro. "É até muito comum que falem sobre isso, pois um dos fatores que mais são discutidos é a infidelidade", acrescenta a mediadora Buriasco.

Mas quando devemos finalmente entregar os pontos e partir para um tratamento profissional? Poema Ribeiro recomenda que o casal procure auxílio quando já se tentou de tudo e o amor ainda existe; quando se coloca na balança o que se gosta e o que não se gosta, e o prato do que é positivo na relação ainda é o que se eleva."Este é um ótimo momento para fazer terapia de casal, porque vai impedir aquele movimento desgastante do 'vai e volta' que leva a um término geralmente desrespeitoso", sugere a terapeuta. 

Se a terapia funciona pra você só mesmo testando para saber, porém ainda resta saber quando é momento de prosseguir com a mediação e reconhecer que chegou a hora de dar um pé na bunda. "Saber o momento de por fim na relação é muito pessoal, pois tem a ver com os limites de tolerância de cada um. Separar interesses de "posições" é um dos trabalhos da mediação que trás grande benefício, pois, evita maiores arrependimentos futuros", salienta Burisaco. 

Já a terapeuta Poema Ribeiro lembra que não existe um problema principal, já que "cada ser humano é singular e o que é um problema para um, é aceito ou relevado pelo outro. Então o que traz um casal para a terapia é justamente aquilo que o lugar comum não resolve".