Quantas vezes você já foi acusado de: imaturo, irresponsável, meninão, criança grande? Mulheres adoram nos rotular dessa forma. Afinal, o que há de tão ruim em ser um pouco criança? Ou em ser muito criança?
A verdade é que, quando não estamos lutando para provar que somos homens, tentando vencer em nossas carreiras, ganhar dinheiro, ser alguém para, provavelmente, impressionar alguma mulher, tudo o que queremos é um pouco de diversão. Ser homem com H maiúsculo dá muito trabalho. Então, o jeito é relaxar quando se pode, jogando um videogame; tomando umas e outras com os amigos; jogando aquela partida de futebol de grosso às segundas-feiras; assistindo aquele clássico nos finais de semana.
Claro, a maioria dessas coisas é um pé no saco para a maioria das mulheres. Mas homens são criados assim: soltos, correndo de um lado para o outro, se agredindo mutuamente por pura diversão. É da nossa natureza a necessidade de nos sentir livres. Se isso é ser criança, então, acho mesmo que somos.
Mas vamos analisar a situação por outro prisma. Enquanto a diversão de um garoto na infância é correr de um lado para o outro, colecionar alguma coisa, bater nos amiguinhos, praticar algum esporte selvagem, zerar aqueles videogames, o que estão fazendo as meninas?
As meninas estão brincando de casinha. Elas curtem fazer comidinha, bancar as mães de suas bonecas, se vestir de princesas, sonhar com o príncipe encantado que vai resgatá-las um dia da mediocridade de suas vidas... Então, o tempo passa, e o que querem as meninas que viraram mulheres? Elas querem continuar a mesma brincadeira chata de sempre. E aí, saem à procura de um homem que se encaixe nesse modelo. E se decepcionam relação após relação porque a verdade nua e crua é que homem que é homem não gosta de brincar de casinha. CONTINUA-->
E aí, eu pergunto: quem é mais infantil? O homem ou a mulher? Talvez sejamos todos crianças, na mesma medida. Talvez, o problema é que não amadureçamos nunca. A sociedade ocidental perdeu os rituais de passagem e somos jogados na vida adulta, totalmente inábeis para esse mundo que, de fato, é um porre! Mas fazemos uma pose, compramos um terno, aprendemos a dar nó em uma gravata, começamos a fumar, depois, tentamos parar, assinamos um cheque, dirigimos um carro e aí, pensamos:
- Nossa! Eu sou um homem, agora! Posso fazer o que eu quiser! Agora, eu é que mando na minha vida!
E, então, percebemos que o mundo é bem diferente, descobrimos porque achávamos os adultos tão chatos quando éramos crianças e estamos prontos para frequentar uma terapia.
*Emilio Boechat nasceu em Niterói, mas mudou-se para São Paulo aos 24 anos para trabalhar, é claro (e parar de se sentir mal por não ser bronzeado). Queria mesmo tocar guitarra. Mas, em 1991, escreveu a Camila Baker e não parou mais. Ainda em teatro, destaque também para: Luluzinhas, Tudo De Mim e Eu Era Tudo Pra Ela... E Ela Me Deixou, que lhe rendeu uma indicação ao Troféu Mambembe de melhor autor, que ele não ganhou, lógico. Desde 1999, escreve para televisão porque sobreviver de teatro é dureza. Já passou pela GLOBO (Zorra Total e Angel Mix); BAND (Floribella); e GNT (Mulheres Possíveis). Atualmente, está na RECORD, onde escreveu como colaborador Luz do Sol, Amor e Intrigas, Os Mutantes, Promessas de Amor e Bela, a feia.
