Já parou pra pensar o trabalho que dá pra transar? Não apenas o ato em si, mas o entorno.
Imagino que a maioria dos homens gostaria de pular esse “entorno”, inclusive as preliminares, pra ir direto ao ponto... Que diga-se de passagem, é como o padre dos balões: ninguém sabe onde está.
Mas a tradição diz que o homem tem que fazer um esforço enorme para seduzir uma mulher e é aí que se encontra o trabalhoso de toda a história.
Pra elas, o ideal é que o homem seja romântico. Analisemos: o que é o romantismo? Nada mais é do que uma camada bem doce ou um bom recheio de chocolate, que é o que a mulher gosta de verdade, que você coloca na conversa pra conseguir chegar ao objetivo: transar.
Aí cria-se a labuta porque, de maneira geral, o objetivo do homem é transar e só. Ele não quer conversar antes, ele não quer conversar depois, ele não quer conversar...
O homem das cavernas não sabia o que era vinho, velas, seda (o tecido), música, perfume, restaurante, motel... Imagino que ele sequer desossava o javali pra ela comer. Não havia cavalheirismo.
Naquela época a qualidade do romantismo era proporcional ao uso do “tacape”. O cara muito romântico é o que dava com mais força o tacape na “cachola” da mina. Transar era descer o cacete.
Hoje em dia, pra conquistar uma mulher, você perde muita energia: desde decidir onde vão comer até onde vai comê-la.
“Ai credo, Oscar! Que horror! Você é muito machista!!!” Pensarão algumas mulheres. Não, pois imagino que o contrário também deva ser um empenho. Fazer-se de difícil-desentendida-frágil-e-boba, fingir que não entendeu a piada, fingir que entendeu a piada, gastar 99% do tempo pensando “o que ele vai pensar de mim se eu for pra cama com ele? E se eu não for?? E se não me ligar no dia seguinte???”. E o pior é se, depois disso tudo, ele não for bom de cama. Mais empenho ainda pra fingir orgasmo...
Lendo isso, você pode até pensar: “Esse Oscar não gosta de transar” ou “Esse Oscar é gay”...
Sim, eu gosto de transar. E outra, mesmo se eu fosse gay! Imagina o quão cansativo deve ser pra ser gay? Começa pela hora de decidir o que vai vestir. Não pode ser nada excessivamente masculino porque não é essa a ideia e nem nada muito feminino pra não tomar uma lâmpada fluorescente na cabeça andando na av. Paulista.
Tudo isso pra um só objetivo: sexo! O mundo só faz os movimentos de rotação e translação através da energia sexual que incide sobre ela!
Mas como não sou gay, nem mulher, vou falar do meu caso: mulheres, se, por acaso, algum dia, acontecer de a gente sair e eu brochar, lembra desse texto e a energia que eu gastei pra estar ali triste, ok?
*Oscar Filho é apresentador, repórter, humorista e contra a existência de pernilongos.Aos oito meses de idade ainda estava no útero de sua mãe.Aos treze estava na sexta série e aos trinta e três ainda acha que chuva é psicológico. Fotógrafo, já fez fotos sensuais de sua gata de estimação, Angela Ro Ro. Em 2011 ganhou a 10.a edição do Prêmio Jovem Brasileiro como melhor stand-up do país com o seu show "Putz Grill...". Teve que subornar muita gente grande pra isso. Atualmente é viciado em Instagram.
